Reflexões, notas, impressões, apontamentos, comentários, indicações, desabafos, interrogações, controvérsias, flatulências, curiosidades, citações, viagens, memórias, notícias, perdições, esboços, experimentações, pesquisas, excitações, silêncios.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Os pontos nos ii
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Franguês de bolso
domingo, 24 de janeiro de 2010
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Leituras
A vida dos outros
Nota: a propósito das alminhas mais preocupadas com o conhecimento público das escutas do que com aquilo que elas revelam, ler este apropriado texto.
Lido
E quanto mais Sócrates se enterra na negação do real, mais este lhe bate à porta. Até o próprio parece começar a aperceber-se disto, e a responder a este fim dos tempos numa fuga em frente obstinada, porque é da sua natureza, mas confusa e caótica. Já toda a gente percebeu tudo isto menos os intelectuais orgânicos "socráticos", um conjunto modernaço de gente que tem o coração no Bloco de Esquerda, mas a carteira no PS, ou melhor, no gabinete do primeiro-ministro. Gente que pouco preza a liberdade mas que tem acima de tudo um enorme fascínio pelo poder como ele se exerce nos dias de hoje, entre o culto da imagem, o pedantismo das causas "fracturantes", o vanguardismo social, o "diabo que veste Prada" ou Armani, e o "departamento dos truques sujos" à Richard Nixon, tudo adaptado à mediania provinciana da capital. A ascensão ao poder de uma geração de diletantes embevecidos com os gadgets, pensando em soundbites, muito ignorantes e completamente amorais, que se promovem uns aos outros e geram uma política de terra queimada à sua volta, é a entourance que o "socratismo" criou e vai deixar órfã.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Lido
Depois do Haiti. Deus.
Cicatrizando
Tríptico para "le bouquet tout fait", de Magritte
2. e nisto as cordas do alaúde tomando conta da paisagem gelada. nisto, os sinos anunciando a doçura dos teus passos. marcando na minha pele ternos e obscuros sobressaltos.
3. oxalá.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
A idade dos porquês - 9
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Fala Também Tu
fala em último lugar,
diz a tua sentença.
Fala —
Mas não separes o Não do Sim.
Dá à tua sentença igualmente o sentido:
dá-lhe a sombra.
Dá-lhe sombra bastante,
dá-lhe tanta
quanta exista à tua volta repartida entre
a meia-noite e o meio-dia e a meia-noite.
Olha em redor:
como tudo revive à tua volta! —
Pela morte! Revive!
Fala verdade quem diz sombra.
Mas agora reduz o lugar onde te encontras:
Para onde agora, oh despido de sombra, para onde?
Sobe. Tacteia no ar.
Tornas-te cada vez mais delgado, irreconhecível, subtil!
Mais subtil: um fio,
por onde a estrela quer descer:
para em baixo nadar, em baixo,
onde pode ver-se a cintilar: na ondulação
das palavras errantes.
Tradução de João Barrento e Y. K. Centeno
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Números
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Meu amor sem nome
Há muitas razões para legalizar o que existe e segue uma certa prática, e mesmo algumas regras. A guerra, que por já várias vezes foi posta fora da lei ou desencadeada para acabar de vez com todas as guerras: não acabou. A droga, que obedece a certas regras e está até na origem da sobrevivência e do desenvolvimento económico de povos e zonas do Mundo: talvez só se drogue quem quer, dizem. A escravatura ou a pirataria, que ainda existem. Quanto à escravatura, há associações dos direitos de quem se submete ao tipo de escravidão sado-masoquista. Temos os vulcões, as catástrofes, as pragas, que obedecem a regras.
O Tribunal europeu dos Direitos do Homem aprovou o conceito de «casamento abrangente» que se alarga ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, à adopção de filhos e que se pode combinar com inseminação artificial. Está em causa ainda o casamento poligâmico ou poliândrico que são costume entre outras culturas, nomeadamente a islâmica, ou mórmon, cujos membros se podem estabelecer entre culturas onde a lei nunca permitiu esse tipo de casamento. Tudo o que é possível passa a ser apenas exigido que venha à luz e se regularize, que seja apreensível pelo cumprimento de certas regras. Assim foi com a guerra, que começou por ser algo onde as regras não existiam e se tornou algo disciplinado. Como a pena de morte. Como a prostituição. Mas não é o facto de seguir regras que faz duma prática algo que nos satisfaz. E o que não nos satisfaz, nós queremos corrigir. Sobre o que é satisfatório ou não, há dois critérios: o que pensa a maioria e o que pensam as pessoas interessadas. Ora, no caso dos casamentos gay, há duas combinações possíveis: há interessados que querem e a maioria aprova. Já o mesmo se não passa com as organizações que perfilham a ideologia fascista: a Constituição diz que a maioria as proíbe embora os interessados as queiram. A igreja satânica pode deparar com um problema semelhante: os interessados querem-na mas a maioria rejeita-a em nome da ordem pública ou dos «bons costumes». Talvez a maioria venha a consentir. O mesmo se passará com o conceito de «Portugal», ou de «Estado», de «Lei», de «Sexo», de «Vida», de «Amor», de «Vida Humana», de «Homem», de «Propriedade», de «Liberdade». Todas as palavras são relativas e quem lhes define o alcance, é a conjuntura, às vezes a Força, da maioria, às vezes a maioria do dinheiro. Quem não tiver força, não poderá resistir, até que arranje força, porque, desse modo, tudo será permitido para alargar o conceito da palavra. Sempre foi assim, dizem.
Ora não há casamento, matrimónio, marriage, Heirat, etc., sem um esposo e uma esposa, sem um noivo e uma noiva, pelo que não pode haver um casamento entre um Homem e um Homem ou entre uma Mulher e outra Mulher. A palavra foi forçada, porque ninguém quis ouvir que uma palavra tem um conteúdo mais estabelecido do que aquele que lhe queremos dar. Podem inventar uma palavra qualquer para o «casamento gay» mas não será casamento, ou então, o casamento semelhante ao «casamento gay» não será mais um casamento e as pessoas que se querem casar já não o poderão fazer apenas pelo civil, de modo a perceber-se que significado da palavra assumiram se não estavam bêbedos ou forçados. Assim só se estimula que as pessoas adoptem um código de conduta e um significado das palavras que não seja aquele partilhado e debatido pelo público, mas aquele que entenderem, nomeadamente o de seitas fundamentalistas de todos os tipos. É que, o que se diz, não é o que cada um pensa ou o que pensa quem tem a força de impor um significado. Há-de ser um caminho intermédio entre o que cada um pensa e o que a maioria quer. Mas nem o que cada um pensa nem o que a maioria quer são critério para dizer que o céu é «azul» ou que a lua é «branca». Nem mesmo o que todos pensavam, muitas vezes, se revelou ser verdade. Às vezes, um, só, estava certo.
André
Prémio Café Mondego
domingo, 10 de janeiro de 2010
Notícias do interior
sábado, 9 de janeiro de 2010
Lido
Em vós escrita vi
vossa grande dureza,
e n' alma escrita está que de vós vive.
Não que acabasse ali
sua grande firmeza
o triste desengano que então tive;
porque antes que a dor prive
de todo meus sentidos,
ao grande tormento
acode o entendimento
com dous fortes soldados, guarnecidos
de rica pedraria,
que ficam sendo minha luz e guia.
Destes acompanhado,
estou posto sem medo
a tudo o que o fatal destino ordene;
pode ser que, cansado,
ou seja tarde ou cedo,
com pena de penar-me, me despene.
E quando me condene
- que isto e o que espero -
inda a maiores dores,
perdidos os temores.
por mais que venha, não direi: não quero.
Contudo estou tão forte
que nem me mudara a mesma morte.
Canção, se já não queres
ver tanta crueldade,
lá vás onde verás minha verdade.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
A feira
P.S.- Soube-se agora que as ardentes e fervorosas parelhas que festejaram em frente à AR eram simplesmente actrizes pagas para a ocasião. Mais palavras para quê? Ver aqui.
Lido
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Balanxo 2009
1. Negativo:
- A profunda crise social e económica que se vive no distrito. É certo que esta realidade não é excepção no conjunto do país. Só para não ir mais longe. A diferença, neste caso, está no âmbito mais ou menos limitado dos danos, na capacidade de absorção da comunidade e na relativa eficiência das instituições que a combatem, públicas e privadas, com destaque para a rede assistencial da Igreja. Ou seja, o desemprego e a depauperação, para não falar das situações crónicas de miséria, têm ainda na Guarda factores de peso que diluem o seu impacto. Refiro-me à existência de uma forte rede de solidariedade familiar e comunitária e, se isso não bastar, de uma tradição migratória recentemente reactivada.
- O clima de pessimismo e de ausência de horizontes, embora não expresso, que sobressai dos rostos e dos discursos. Sobretudo em muitos jovens, o que é um sinal de derrota que deveria constar da agenda diária dos decisores políticos, antes de qualquer projecto.
- O golpismo puro e duro que se tornou prática na estrutura distrital do PS.
- A campanha medíocre, com algumas excepções, a que os guardenses assistiram nas autárquicas.
- As reacções inqualificáveis dos dirigentes do PSD, mormente o seu cabeça de lista para a Câmara, face aos resultados eleitorais. Aliás, com a actual composição dirigente, o PSD atingiu o fundo do poço a nível distrital, tornando-se pouco mais do que uma federação de interesses autárquicos, pejada de truques florentinos. Neste momento, representa – embora não de forma exclusiva – o que de mais atávico e clientelar existe no distrito.
- As obras no pano de muralha junto ao Vivaci, que ainda ninguém percebeu a que se destinam nem quando acabam.
- O escandaloso estado de abandono do Chafariz da Dorna e largo respectivo. Há muitos anos que insisto nisto. Mais uma vez não se perde nada…
- O alcatroamento do caminho que conduz ao sopé da crista do Tintinolho, quando bastava melhorar a estrada de terra e a sinalização pedonal existente.
- A oferta musical dos estabelecimentos nocturnos da cidade, regra geral desinspirada e que exclui o Jazz do menu.
- O estado de total degradação da via pública em muitos pontos da cidade. O qual, aliado a um planeamento urbanístico em cima do joelho, faz da circulação a pé ou de carro nessas zonas um autêntico tormento.
2. Positivo:
- O início do processo das obras de requalificação do Hospital Sousa Martins.
- A vitória de Joaquim Valente para a edilidade guardense. Sem dúvida, a melhor opção para o futuro na cidade.
- O Parque Urbano de Rio Diz, do qual sou utilizador crónico. Embora inaugurado em 2007, continua a ser o espaço verde de lazer que a cidade há muito merecia e cujo potencial só o tempo e uma gestão cuidadosa saberão quantificar.
- A requalificação da Torre de Menagem da antiga alcáçova do castelo. A obra custou cerca de um milhão de euros. O centro de recepção compreende uma exposição permanente sobre a história e património da cidade, bastante aceitável, mas não se percebe onde está a anunciada “rede de percursos na paisagem”. A intervenção na torre, com a criação de mais um piso, foi quanto baste. Inclui a projecção interactiva de excertos do foral e de um pequeno filme em 3D sobre a cidade.
- O alto nível da programação e gestão do TMG. O qual tem cumprido com distinção um serviço público que é a sua principal atribuição. Algo a que não será alheio a excelente equipa que nele trabalha e a batuta inspirada do seu Director artístico. Seria fastidioso enumerar aqui o que de melhor passou pelos palcos do TMG no ano que findou. Direi apenas que, relativamente à programação, quando se refere que atinge vários públicos, tal significa simplesmente variedade na oferta e não a sua uniformização, tendo o gosto hegemónico como pano de fundo. O que permite, e ainda bem, que cada um ajuste a sua agenda pessoal ao programa disponível.
- O início das obras de construção da alameda que ligará a VICEG à rotunda da "Ti Jaquina".
- O índice de poder de compra per capita do concelho da Guarda – 91,7%, tendo como referência a média nacional (100%) – o mais elevado em toda a região.
- Os inúmeros guardenses cujo talento, empreendedorismo e competência profissional e académica, nos mais variados domínios, são reconhecidos e não poucas vezes premiados.
Manobras de diversão
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Dá cá o meo
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
O crime afinal compensa...
in "Expresso", 24.12.2009
domingo, 3 de janeiro de 2010
À mesa
sábado, 2 de janeiro de 2010
Frente al mar
¿La ola no tiene forma?
En un instante se esculpe
y en otro se desmorona
en la que emerge, redonda.
Su movimiento es su forma.
2
Las olas se retiran
?ancas, espaldas, nucas?
pero vuelven las olas
?pechos, bocas, espumas?.
3
Muere de sed el mar.
Se retuerce, sin nadie,
en su lecho de rocas.
Muere de sed de aire.