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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Manobras de diversão

Como já se esperava, a AR vai votar a proposta que irá estender o casamento a pessoas do mesmo sexo. Para justificar a iniciativa, o PS foi buscar uma alínea obscura do seu programa eleitoral. E o que é um programa eleitoral? Algo de que qualquer Governo se desfaz logo que pode. Mas que, neste caso, embora não se questione a legitimidade, pode ser bastante útil para suavizar o impacto do tema. O próprio PS percebeu o melindre da situação, ao excluir a adopção da discussão. Obviamente, os grupos parlamentares que irão votar a favor da iniciativa têm medo de uma consulta popular. A mesma que já houve em países que levam a democracia mais a sério do que nós. A forma arrogante e terceiro-mundista como os grupos parlamentares favoráveis ao casamento gay, os grupos activistas e a generalidade da comunicação social têm tratado os promotores do referendo, os cidadãos que o subscreveram, os movimentos de opinião contrária, ou quem simplesmente pensa de maneira diferente, é simplesmente inadmissível. Na imprensa então é demais, sendo moeda corrente um maniqueísmo que já não se disfarça. Em nome de uma suposta igualdade estão-se a sacrificar uma série de direitos fundamentais, como o de participação e de expressão. Vamos ter pois uma maioria parlamentar que está longe de representar a vontade, nesta matéria, do seu próprio eleitorado. Tirando o caso mais óbvio do BE. E note-se que não é o reconhecimento do casamento que irá sequer acabar com a verdadeira discriminação e a dramática ostracização dos homossexuais em grandes sectores da sociedade. Trata-se, isso sim, de uma iniciativa demagógica, que ignora a razão de ser do instituto do casamento, a custo zero e com efeito placebo. Entretanto, nove idosos foram recentemente encontrados mortos na zona de Lisboa, num espaço de doze horas, devido provavelmente ao frio. Ver aqui. E sabe-se agora que existem 170 000 desempregados que não recebem subsídio de desemprego. Aqui. Mas vendo bem, o que é que isso interessa? Deixem os gays brincar aos solteiros e casados e tudo se resolverá...

3 comentários:

  1. Acho que não estás a ver a sério as potencialidades dos casamentos entre homossexuais: vão animar o sector da restauração; na cerimónia haverá festas super divertidas, que se prolongam por vários dias, tipo mini arraiais, como modo de afirmação da ex-diferença; vai ser consagrada a revalorização do casamento tradicional, o hiper-casamento, como prova de competência dos novos nubentes e de mostrar aos gentios hetero que a "idade da pedra" acabou. Resumindo, vai ser um fartote...

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  2. Nota que no Reino Unido, por exemplo, o número de ataques aos homossexuais não pára de aumentar... É absurdo! Mas concordo contigo, agora é passar ao que interessa realmente.

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  3. Nem mais, Paula. Olha, estava agora a ver a BBC world news. Às tantas, referia-se precisamente a existência de grupos organizados a operar aí, com a finalidade de promover casamentos fictícios entre emigrantes ilegais e cidadãs de países do leste e assim contornar a lei...

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