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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O crime afinal compensa...

Está a chegar a Luanda o mais recente brinquedo do Presidente José Eduardo dos Santos: um iate de luxo, seguramente comprado com o seu salário, que ronda os 4000 euros, e cuja tripulação é recrutada em Portugal, com vistos passados em 24 horas. E, enquanto o Presidente se prepara para navegar nas tépidas águas do Mussulo, a sua filha, a elegantíssima empresária Isabel dos Santos, não pára de aumentar a sua fortuna nascida do nada. Com a anunciada compra esta semana de parte do capital da Zon, Isabel dos Santos tem já investidos dois mil milhões de euros em empresas portuguesas. É um excelente negócio para estas empresas, que não apenas recebem capitais frescos como também recebem de braços abertos um parceiro estratégico que lhes garante participação nos melhores e mais favorecidos negócios angolanos. Pena que não reservem uma pequena parte dos lucros para financiar próteses para as crianças vítimas da guerra civil angolana, para construir habitação social para os milhões de favelados de Luanda ou para criar esgotos e infra-estruturas básicas que dêem à imensa maioria da população miserável condições mínimas de dignidade. Porque, até prova em contrário, a riqueza de Angola pertence a todo o seu povo e não apenas aos que se passeiam em iates de luxo e vêm a Lisboa comprar roupas de marca, jóias ou empresas de telecomunicações. Nunca tão poucos tiraram tanto a tantos.

Miguel Sousa Tavares
in "Expresso", 24.12.2009

O cronista desta vez acertou em cheio. O caso não é para menos. Por falar nisso, refira-se que Isabel dos Santos terá adquirido parte do capital da Joalto. Portanto, mais do mesmo, ou seja, business as usual...

11 comentários:

  1. onde se pode confirmar essa última parte? angolanos na Guarda?

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  2. Certamente na conservatória do registo comercial respectiva. Eu ouvi a notícia de várias fontes seguras.

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  3. e esteve cá a brasa?

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  4. Finalmente investimento estrangeiro na Guarda, venha ele de onde vier

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  5. Anónimo das 17:35:
    É melhor perguntar aos jornalistas e frequentadores dos salões do croquete. Saberão melhor do que eu.

    Em relação a outra informação que aqui dei, de carácter matrimonial, acabei de confirmar que, afinal, a Santa adquiriu, isso sim, uma quinta na zona da Mêda.

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  6. Para o anónimo do investimento: e se os próximos a investir forem os barões da droga colombianos? E que tal os generais birmaneses? Já ouviu falar no Thierry Roussel e nos seus "investimentos" no Alentejo, para lavagem de capitais pestilentos? Sabe no que a coisa deu? É isso que queria para criar riqueza na região?

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  7. E daí? Não temos na Guarda muito do mesmo mas à nossa pequeníssima escala?! A diferença é que investem neles próprios, nos filhos e nas noras. Nunca no que é para público usufruto. Quero lá saber se o dinheiro é preto, branco ou amarelo. O que é preciso é que venha.

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  8. A minha intuição diz-me que o rol de justificações apresentado por este último anónimo para a negociata, em vez de desmentir, só vem confirmar a informação dada no post.

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  9. Segundo julgo perceber, o daltonismo financeiro de que padece o último anónimo não deve ser confundido com pragmatismo, mas com a defesa da sua quintinha. Pois duvido que pense no bem geral, mas tão só no seu. Ó homem, assuma-se! De que é que tem medo?

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  10. Ainda não vi ninguém comentar o conteúdo do artigo. Na verdade, é um escândalo que dinheiro a escorrer sangue seja aceite sem pestanejar. O verdadeiro neoliberalismo é isto. Ironicamente, promovido por um país teoricamente marxista-leninista...

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  11. Gil:

    Brilhante! Lançaste a lebre e os rafeiros foram atrás...

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