No rescaldo das eleições europeias, algumas leituras se podem desde já avançar:
1º Em todos os países governados por partidos socialistas/sociais-democratas, estes foram severamente castigados nas urnas (Espanha, Reino Unido, Holanda). Ao contrário daqueles onde forças políticas da área conservadora/liberal estão no poder. Portugal não foi assim excepção, no contexto da UE, onde a crise pesa a todos. O que significa que, embora a nova/velha cartilha da esquerda "histórica" tenha fustigado vigorosamente as forças "tenebrosas" do capitalismo e diabolizado os "neoliberais" como os novos dráculas - numa espécie de anti-semitismo não declarado, com bodes expiatórios e tudo - o eleitorado, que é quem decide, acabou por desmentir tais profecias agoirentas. Ou seja, a esquerda está a precisar urgentemente de rumo, de competência e de estratégia.
2º O rumo seguido por Manuela Ferreira Leite deu os seus frutos, numa altura em que as pessoas estão um bocado saturadas da política-espectáculo e de novo-riquismo tecnológico. Apesar do situacionismo na comunicação social e do clima de asfixia e atordoamento promovido pelas agências de comunicação ao serviço do governo. A propósito, registe-se o completo despropósito da SIC, durante a noite eleitoral, ao ter difundido um "estudo" da Eurosondagem, efectuado quatro dias antes, onde o PS aparecia como ganhador, no caso de as eleições serem legislativas. Bem fez António Barreto, ao não considerar a "sondagem" como motivo sério de debate.
3º A escolha de Vital Moreira como cabeça de lista revelou-se desastrosa para o PS, devendo os seus dirigentes retirar as respectivas conclusões.
4º Com menos de um milhão de votos, o PS obteve o seu pior score eleitoral de sempre.
5º Registaram-se cerca de 165 000 votos em branco, representando 4,64% dos sufrágios expressos. Ou seja, a sexta força política. Foram eleitores que não ficaram em casa, não foram à praia, não se demitiram, não se alhearam, nem sequer fizeram como o Georges Brassens, quando cantava que gostava de ficar na cama especialmente no feriado nacional. Quiseram expressar a sua descrença de forma lapidar. Não deixaram de, com toda a clareza, afirmar que não querem nenhum prato do ménu. "Deste" ménu partidário, entenda-se. Ao fim ao cabo, foi este o verdadeiro voto de protesto. Para o qual os políticos - com excepção de venerandas figuras como Almeida Santos e Ana Gomes, que já nada aprenderão - deveriam prestar a máxima atenção.
6º O crescimento do BE, devido sobretudo a razões circunstanciais e de oportunismo político. O que coloca algumas perplexidades quanto à futura governabilidade do país e ao número de deputados freaks no PE. Numa altura que a estratégia do padre Louçã irá ser a da "respeitabilidade" e da seriedade, acompanhando a condição de putativos comparsas do PS...
7º Embora Sócrates diga que não, mais parecendo que tudo isto não passou de um brainstormig destinado à reafirmação da "luta", o primeiro ministro está cada vez mais a prazo. E na corrida que aí vem, o tempo tornou-se para si um bem precioso. Não é a liderança partidária que saiu enfraquecida, mas a margem de manobra do seu Governo. Cuja legitimidade não se põe, naturalmente, em causa, mesmo com este voto de censura do eleitorado. Todavia, nada será como dantes.
8º A derrota clamorosa das empresas de sondagens perante a verdadeira sondagem: a ida ás urnas. Patético.
1º Em todos os países governados por partidos socialistas/sociais-democratas, estes foram severamente castigados nas urnas (Espanha, Reino Unido, Holanda). Ao contrário daqueles onde forças políticas da área conservadora/liberal estão no poder. Portugal não foi assim excepção, no contexto da UE, onde a crise pesa a todos. O que significa que, embora a nova/velha cartilha da esquerda "histórica" tenha fustigado vigorosamente as forças "tenebrosas" do capitalismo e diabolizado os "neoliberais" como os novos dráculas - numa espécie de anti-semitismo não declarado, com bodes expiatórios e tudo - o eleitorado, que é quem decide, acabou por desmentir tais profecias agoirentas. Ou seja, a esquerda está a precisar urgentemente de rumo, de competência e de estratégia.
2º O rumo seguido por Manuela Ferreira Leite deu os seus frutos, numa altura em que as pessoas estão um bocado saturadas da política-espectáculo e de novo-riquismo tecnológico. Apesar do situacionismo na comunicação social e do clima de asfixia e atordoamento promovido pelas agências de comunicação ao serviço do governo. A propósito, registe-se o completo despropósito da SIC, durante a noite eleitoral, ao ter difundido um "estudo" da Eurosondagem, efectuado quatro dias antes, onde o PS aparecia como ganhador, no caso de as eleições serem legislativas. Bem fez António Barreto, ao não considerar a "sondagem" como motivo sério de debate.
3º A escolha de Vital Moreira como cabeça de lista revelou-se desastrosa para o PS, devendo os seus dirigentes retirar as respectivas conclusões.
4º Com menos de um milhão de votos, o PS obteve o seu pior score eleitoral de sempre.
5º Registaram-se cerca de 165 000 votos em branco, representando 4,64% dos sufrágios expressos. Ou seja, a sexta força política. Foram eleitores que não ficaram em casa, não foram à praia, não se demitiram, não se alhearam, nem sequer fizeram como o Georges Brassens, quando cantava que gostava de ficar na cama especialmente no feriado nacional. Quiseram expressar a sua descrença de forma lapidar. Não deixaram de, com toda a clareza, afirmar que não querem nenhum prato do ménu. "Deste" ménu partidário, entenda-se. Ao fim ao cabo, foi este o verdadeiro voto de protesto. Para o qual os políticos - com excepção de venerandas figuras como Almeida Santos e Ana Gomes, que já nada aprenderão - deveriam prestar a máxima atenção.
6º O crescimento do BE, devido sobretudo a razões circunstanciais e de oportunismo político. O que coloca algumas perplexidades quanto à futura governabilidade do país e ao número de deputados freaks no PE. Numa altura que a estratégia do padre Louçã irá ser a da "respeitabilidade" e da seriedade, acompanhando a condição de putativos comparsas do PS...
7º Embora Sócrates diga que não, mais parecendo que tudo isto não passou de um brainstormig destinado à reafirmação da "luta", o primeiro ministro está cada vez mais a prazo. E na corrida que aí vem, o tempo tornou-se para si um bem precioso. Não é a liderança partidária que saiu enfraquecida, mas a margem de manobra do seu Governo. Cuja legitimidade não se põe, naturalmente, em causa, mesmo com este voto de censura do eleitorado. Todavia, nada será como dantes.
8º A derrota clamorosa das empresas de sondagens perante a verdadeira sondagem: a ida ás urnas. Patético.
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