Direcção e Coreografia: Cláudia Dias
Interpretação: Márcia Lança e Rui Silveira
Pequeno Auditório do TMG, 31 de Outubro, às 21h30
Trata-se do último espectáculo do Festival Y#6, no TMG, e que antes integrou o mais recente Alkantara Festival. Altura em que a ele assisti, em finais de Maio, no Teatro da Politécnica. Nesta produção há uma simbiose perfeita entre a dança e a performance. Mas seria mais certeiro chamar-lhe uma performance coreografada. Onde a autora procura, sobretudo, experimentar os vários tempos da acção, do relacionamento descontínuo entre o significante e o significado, ou seja, “a diferença entre definição-comentário-opinião e as ligações entre tempo da acção e tempo da imagem”, nas palavras de Rita Natálio, a propósito daquela apresentação. Mas que coisa é essa de que trata o espectáculo? Caixas de cartão. Que os actores vão dispondo segundo uma determinada sequência, enunciando sempre, através de um microfone, o objecto da acção empreendida. Por detrás desse microfone existe um muro de caixas cartão onde são projectadas as frases. Trata-se uma obra claramente conceptual, onde o espectador experimenta um continuado desconforto, temperado com alguma estranheza. Como se as caixas de cartão resistissem sempre aos signos e adquirissem uma espessura e uma impenetrabilidade impossível de atravessar. E como se as várias tentativas de nomear os objectos através de níveis discursivos diferentes, resultassem igualmente infrutíferas e risíveis. O que poderá significar que essas mesmas caixas com que se testam formas novas, parecem desafiar o próprio espectador. Buscando nele um ventríloquo que as nomeie, finalmente.
Publicado no jornal "O Interior", em 6 de Novembro
Sem comentários:
Enviar um comentário