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«O olhar cosmopolita de [Eduardo] Lourenço fez, desde o princípio, toda a diferença. Não se trata do cosmopolitismo “de aeroporto” hoje tão em voga, mas de uma perspectiva sobre o mundo que combina uma fina atenção à actualidade com uma sólida informação histórica, que já lia o local a partir do global muito antes de se generalizar a globalização. E que, recusando todos os reducionismos, permanentemente valoriza a diversidade, as contradições do mundo e a contingência dos acontecimentos. Foi este olhar cosmopolita que libertou Lourenço do “comentarismo ruminante” que ele tão lucidamente diagnosticou no Portugal de meados do século passado, e que, infelizmente, persiste ainda nalgumas dimensões da vida portuguesa, talvez hoje mais provinciana do que nunca, no seu serôdio deslumbramento de tantas e tão ilusórias “modernidades”!...»
Manuel Maria Carrilho, no "Contingências"
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