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domingo, 5 de outubro de 2008

Palin strikes again

As eleições americanas deixaram de me interessar a partir do momento em que Hillary ficou de fora na corrida. O que significa que nenhum dos dois candidatos me entusiasma particularmente. Mc Cain, do mal o menos, mas o estilo não satisfaz. Obama porque desconfio de tele evangelistas e porque o Daniel Oliveira gosta dele. Todavia, não deixarei nunca de estar atento àquilo que se debate e de que forma. O cenário estava assim montado, até que apareceu Sarah Palin. O desassombro com que esta mulher desempenha as suas funções de mestre-escola anti-aborto, contra os "homenssexuais e coijas axim", saída da América profunda, dos valores restauracionistas, é matéria de um filme de David Lynch. Por outro lado, o seu estilo faz lembrar aquelas donas de casa da publicidade dos anos 50, sempre perto de um frigorífico ou de uma televisão, e com um rancho de criancinhas rechonchudas à volta. Mais cedo ou mais tarde vai-se despedir do marido à porta, também sorridente. Que traz consigo uma pasta, entra no carro, e ala que sa faz tarde, rumo à downtown. O conservadorismo de Palin tem uma matriz novecentista, puritana. O meu, paradoxalmente, tem uma génese anarquista. Mas deixemo-nos de efabulações. Palin acaba de se estender ao comprido. Ao acusar Obama de "manter relações amistosas com terroristas", durante uma acção de campanha no Colorado. Estas declarações têm invariavelmente um efeito de ricochete. Os republicanos deveriam antes tentar demonstrar que Obama não tem soluções políticas credíveis para lidar com o terrorismo. Este tipo de soundbites é que não ajuda nada. A campanha está ao rubro.

2 comentários:

  1. Palin é isso que refere. Mas não só. Faz lembrar a suzaninha da publicidade, mas é também a "secretária" que triunfou na vida e até se lançou no mundo da política. Entre dois baptismos e uns despachos para assinar. Ela lembra-nos como as coisas se passam na vida real. Não gosto do seu estilo nem das suas ideias. Mas ela é o rosto actual de uma maioria silenciosa que o discurso emancipatório quis fazer desaparecer.

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  2. Não creio que Obama possa ser definido dessa maneira.

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