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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O golpe do baú


A cadeia identificada com o logotipo da imagem decidiu suprimir o desconto de 10% sobre o preço de capa dos livros que comercializa. A partir de agora, tal privilégio só é concedido aos detentores do cartão FNAC. A empresa justifica a medida, dizendo que a concorrência já adoptou esta oferta promocional, ainda que temporariamente, perdendo-se assim a vantagem competitiva do "benefício". O que está em causa, efectivamente, é uma decisão que, do ponto de vista da gestão comercial, era mais do que previsível: 1º arrasar o mercado, 2º depois de instalada e com uma quota confortável, acabar com as "prendas" e adoptar tiques de posição dominante. Agora, só os "do clube" terão acesso a esta e outras promoções que, não tarda, vão aparecer. Para fidelizar clientelas, consolidar parcerias com a instituição de crédito que gere o cartão e, eventualmente com agentes produtores de espectáculos e outras livrarias aderentes. Pela minha parte, já há algum tempo que o entusiasmo com a FNAC arrefeceu. Falando só dos livros, reparei que a reposição de stocks deixa muito a desejar, a diversidade de títulos é cada vez menor, a aposta nos blockbusters esmaga tudo o resto. Basta dizer que, há uns meses atrás, dirigi-me à loja do Chiado, afim de adquirir várias obras de Tchekov. Qual não é o meu espanto quando o funcionário me respondeu não haver nada de momento do genial dramaturgo russo. Só o adjectivo é meu, infelizmente. Mas a gravidade do caso é por demais evidente. De modo que prefiro ir à Byblos ou à Bulhosa. A primeira pode ser um bocado pirosa. Mas sei que há uma fortíssima probabilidade de lá encontrar o que procuro. Todavia, esta medida pode provocar ainda um efeito dominó no PVP dos livros. É sabido que o desconto antes praticado pela FNAC se deve às condições "impostas" pela sua posição negocial às editoras. Tal como acontece como as cadeias distribuidoras nas grandes superfícies. A maior parte das livrarias não se podia dar a esse luxo, pois as suas margens de comercialização não o permitiam. A não ser em promoções especiais de lançamento e em feiras. Porém, se o cliente insistisse, lá aparecia o descontozinho comercial. O que vai acontecer agora é de escola: aproveitando-se da confusão, as editoras vão ser tentadas a subir os preços de capa, de modo a reflectir-se no preço final. Portanto, vão todos ganhar, menos o consumidor.

1 comentário:

  1. É o normal. Chegou, marcou e agora dita as regras. Eu é que lá não vou...

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