O coleccionador não pára. No seu vastíssimo entendimento, a morfologia e a sintaxe são uma e só coisa. Pois estar em relação a é o mesmo que integrar uma categoria. O coleccionador é o torrencial e compulsivo taxinomista da actividade cultural. O seu conhecimento abrange um pouco de tudo em geral e nada de nada em particular. O problema é que o coleccionador não consegue suster a sua diarreia informativa. Ele caga cultura como quem vai às compras. Só ele domina a terminologia musical, cinematográfica, literária, visual, informativa. Se alguém tem uma opinião diferente acerca dos seus ícones, aparece logo com ar professoral a corrigir os desvios ao gosto. Ao gosto dele, entenda-se. Só ele é que sabe, só ele é que pode ter opinião, só ele é que pode operar os conceitos onde se encerra e de onde exerce o seu magister dixit de paróquia. O coleccionador está condenado a ser o sampler de si próprio. Como não tem talento artístico, nem rasgo que se veja, se ouça, ou leia, é incapaz de rupturas. Mas lá se vai mantendo em circulação, como polícia conceptual, guarda nocturno do embuste, vigilante do império da imagem e da vacuidade, o seu alimento de mutante, de agiota da arte, de mestre escola sem alunos e sem cheiro.
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