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segunda-feira, 21 de julho de 2008

Camellia sinensis (1)

"Bebe-se chá para esquecer o bulício do mundo", dizia há muitos séculos o poeta chinês T'ien Yi-Heng. Uma lenda bem conhecida diz-nos que o chá foi descoberto por mero acaso. Por volta do ano 3000 A.C., quando o mítico Imperador chinês Shen Nong se encontrava na floresta fervendo água para beber, algumas folhas de camellia sinensis cairam no pote. O inexcedível aroma produzido imediatamente cativou o imperador, pois bastou um gole para lhe ser revelado o "segredo do chá". Numa versão mais alargada da história, já antes Shen Nong experimentava com frequência provar infusões de ervas para identificar as que tivessem valor medicinal. Várias vezes ficou intoxicado. Mas eis que finalmente descobriu uma planta que ajudava a eliminar as toxinas do seu organismo: essa planta, veio-se a saber, era o chá. Que se tornou, desde então, parte integrante da medicina popular chinesa. Mais tarde, a preparação e o consumo do chá foram associados a um complexo ritual em todo o Oriente, especialmente no Japão. Por outro lado, a "espuma do jade líquido", como era cantado pelos poetas chineses da dinastia do Sul, foi objecto de um Chaking (ou Sagrada Escritura do Chá), obra do século VIII, onde Lu Yu, filósofo da época Tang, compila uma espécie de Código do Chá. Kakuzo Okakura, em "O Livro do Chá", obra que já aqui mencionei, faz-lhe uma abundante referência. Introduzido na Europa no séc. XVII, foi tema, logo em 1685, de um Tratado, da autoria de Philippe Dufour.
O chá é uma das minhas predilecções recentes. Um saber empírico com um sabor teórico, que se completam numa curiosidade e exigência crescentes.

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