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Os comunistas estão na fase de tomar como seus todo o tipo de ícones que sinalizem movimentos sociais e políticos. É um autêntico processo de usurpação. Neste caso, a história é conhecida. O Maio de 68 nasceu em meios estudantis politizados, em grande parte fora dos circuitos marxistas. Pretendia-se uma forma nova de combate político, pela afirmação de uma liberdade integral, da espontaneidade, da imaginação. Os meios sindicais ortodoxos, controlados pelo PCF, cedo perceberam que esta não era a sua luta. Que passava já só pela adesão à sociedade de consumo e nunca por outro tipo de reivindicações. E, naturalmente, só por razões tácticas a elas pareceram aderir. O que quer dizer que, só em meios operários ligados ao anarco-sindicalismo, ou onde a influência dos comunistas era residual, o apoio e a participação nas revoltas teve alguma expressão. No final, conta-se que foram mesmo os comunistas que traíram a "revolução", tudo fazendo para que definhasse um movimento por definição inorgânico, não controlável. Entregando-o aos pés de de Gaulle. Esta estratégia já dera frutos durante a Guerra Civil Espanhola, com a jovem República e, sobretudo, com os anarquistas catalães, repetindo-se aqui. Portanto, esta apropriação de um movimento de contestação sem paralelo no Ocidente é tão incongruente como sinistra. Como se os algozes se quisessem desculpar, tomando como seu o discurso das vítimas. Por outro lado, nos tempos que correm, o comunismo não se poderá descredibilizar unicamente por via política ou doutrinal. Esse trabalho competirá à História e só a ela.