Ontem, completaram-se nove anos do massacre do Liceu de Columbine: os alunos Eric Harris e Dylan Klebold, com 18 e 17 anos, entraram armados na escola e mataram doze colegas. Em seguida, suicidaram-se, deixando uma nota que mais parece um tenebroso "disclaimer": "não culpem ninguém pelos nossos actos. É desta forma que queremos partir". Com base neste trágico acontecimento, Michael Moore realizou aquele que, para mim, é o seu mais brilhante documentário: "Bowling for Columbine".
Coincidência ou não, o pré-candidato democrata Barack Obama afirmou recentemente, durante a campanha para as primárias na Pensilvânia, que o uso das armas é um símbolo de uma cultura arcaica, associada ao fanatismo religioso e à xenofobia. Segundo as sondagens, estas declarações caíram mal no eleitorado rural branco daquele Estado, que irá penalizá-lo fortemente na consulta. Saindo a ganhar Hillary Clinton. Desde o início do processo eleitoral das presidenciais norte-americanas, tenho aqui manifestado a minha simpatia pela candidatura desta. Pelas razões que já apontei, mas, sobretudo, porque vários sinais no programa de Obama apontam para um messianismo perigoso e, a nível externo, algum isolacionismo, a eliminação de referências à Europa como parceiro estratégico indispensável. Ao contrário de Mc Cain, por exemplo. Todavia, estas suas declarações, a propósito do uso de armas, sem restrições, não podiam ser mais apropriadas e justas.