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terça-feira, 22 de abril de 2008

O amigo da onça

Ainda mal tirou o pó à secretária, nas novas funções de presidente da "Frente Tejo" - uma empresa municipal criada para a recuperação da zona ribeirinha de Lisboa - José Miguel Júdice acaba de propor a fusão do PSD e do PS! Aconteceu, no meio das habituais boutades, em declarações à TSF e DN. A ideia seria os sociais-democratas de ambos os partidos juntarem os trapinhos. Deixando de fora a tralha esquerdista no segundo e os liberais(?) e populistas no primeiro. Mas por uma questão de clareza, convem colocar a hipótese, por analogia, nos termos do direito societário. Ora, o senior partner da advocacia lusa não esclarece se se trata de uma fusão proprio sensu ou de uma cisão. Portanto, seria interessante verificar se, no primeiro caso: a) haverá uma transferência global dos "activos" de um partido para outro; b) ou essa operação se faz, de raiz, para um novo, a criar para o efeito. Ou então, na segunda possibilidade: a) se ambos destacam parte do seu "património", para com ele formar outro partido; b) se ambos se dissolvem, dividindo os seus activos e com eles constituem novo partido; c) quer num caso quer noutro, se é para dividirem o que fica em fatias e fundi-las com organizações políticas já existentes ou com partes destas. Em qualquer caso, o negociador e mentor seria, como já adivinharam, o transumante causídico. Por sua vez, os honorários por si cobrados consistiriam na criação de caminho livre para a constituição de um partido por si apadrinhado. E onde Santana Lopes teria lugar cativo, por supuesto. E quem sabe se Menezes, como médico de campanha. Como esclarece João Tunes, este arremedo filantrópico aparece «por amor de quê? Júdice explica: para dar espaço a um “partido da direita”. Do género: “levem a tralha que sobra do PSD e deixem-me formar o meu partido”. É no que dá dar a mão a gente desta, apanham-na e já se estão a agarrar aos pés.»