No último número da revista "Atlântico", publicação de que este blogue é fã incondicional, destaque para um trabalho de Carlos do Carmo Carapinha, intitulado "A Esquerda Superior". Uma análise demolidora sobre a arrogância moral da esquerda, protagonizada pelas suas patrulhas bem pensantes. É um tema já várias vezes aqui abordado: o inacreditável desplante com que a esquerda se escuda numa superioridade moral que a si própria atribuiu. Uma falácia pejada de esqueletos no armário e que a História aos poucos vai desenterrando. Afinal, o único diapasão ético passa pelo crivo de Kant: a possibilidade de determinada conduta poder ou não ser universalizada. Agora, como desde sempre, é a ânsia de poder como um fim em si e o uso que dele se faz o que realmente marca a diferença. Neste ponto, remeto para "Falsos Ídolos", de Arno Gruen. Retomando o fio à meada, diz a certa altura o autor do artigo:
A esquerda "superior" tem uma cartilha, recheada de paradigmas, proposições e deduções, que explica "tudo". E o tudo é invariavelmente isto: o predomínio do mal só pode ser sinónimo de inconsciência e/ou de não autonomia moral. A intrínseca propensão para o "mal" e para a falibilidade não a comove. Dito de outra forma, o "mal" só existe porque existem vítimas que, deixadas sem alternativa, perpetram o "mal"por via de um qualquer "mau sistema" - político, claro - que as corrompeu e conduziu ao ressentimento e ao desespero. O facto da consciência moral é, então, filho único: trata-se exclusivamente da "condição social" do indivíduo. A esquerda "superior" alcança tudo. Só ela consegue ver que, por dertás de um canalha, há sempre uma vítima: o próprio canalha. A esquerda "superior" é sempre expedita e sapiente a compreender as razões do canalha, mas desvaloriza ou desatende as razões por detrás do receio ou do preconceito das verdadeiras vítimas, ou dos que receiam ser a próxima vítima.
A esquerda "superior" tem uma cartilha, recheada de paradigmas, proposições e deduções, que explica "tudo". E o tudo é invariavelmente isto: o predomínio do mal só pode ser sinónimo de inconsciência e/ou de não autonomia moral. A intrínseca propensão para o "mal" e para a falibilidade não a comove. Dito de outra forma, o "mal" só existe porque existem vítimas que, deixadas sem alternativa, perpetram o "mal"por via de um qualquer "mau sistema" - político, claro - que as corrompeu e conduziu ao ressentimento e ao desespero. O facto da consciência moral é, então, filho único: trata-se exclusivamente da "condição social" do indivíduo. A esquerda "superior" alcança tudo. Só ela consegue ver que, por dertás de um canalha, há sempre uma vítima: o próprio canalha. A esquerda "superior" é sempre expedita e sapiente a compreender as razões do canalha, mas desvaloriza ou desatende as razões por detrás do receio ou do preconceito das verdadeiras vítimas, ou dos que receiam ser a próxima vítima.
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