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terça-feira, 15 de agosto de 2006

Falsos Ídolos

De passagem por uma leitura de estimação, não resisto a colocar aqui as palavras de Arno Gruen:

A História é o resultado da interacção entre os que precisam de conquistar territórios, a natureza ou outras pessoas para se preservarem e os que dependem de falsos deuses para assegurarem a sua consistência. Por outras palavras: uns, na sua megalomania, declinam qualquer responsabilidade pelos seus semelhantes, e os outros não têm forças para serem responsáveis, já que precisam do Mal para se lhe sujugarem.(...)
Falsos deuses são as duas coisas: tanto testemunhos como produtores da vã identidade que nos salve. Enquanto não encararmos realmente de frente o desamor que nos rodeia, não seremos capazes de chegar a uma identidade própria e firmemente enraizada no que realmente somos. Em vez de uma identidade baseada numa trama exterior, em que poses ostensivas de sentimentos e valores tomam o lugar de uma identidade interior. Isso empurra as pessoas para a dependência de estruturas externas, como o estatuto social, posse, ordem, dever e obediência. Quando essas estruturas começam a vacilar devido à sua dinâmica própria, as pessoas que edificaram a sua identidade sobre elas desagregam-se. É esse o solo que não só permite como favorece os falsos deuses.
(edit meu)

Arno Gruen, Falsos Deuses, Paz Editora, 1997

*O Autor nasceu em Berlim em 1923. Em 1936 emigrou para os EUA, onde se doutorou em psicanálise. Trabalhou como professor e terapeuta em diversas universidades e clínicas. Desde 1979 vive e exerce em Zurique. Bibliografia:
A Loucura da Normalidade. O realismo como doença: uma teoria fundamental sobre a destrutividade humana. Assírio & Alvim: Lisboa 1995 [Primeira edição alemã: Munique, 1987];
A Traição do Eu. O medo da autonomia no homem e na mulher. Assírio & Alvim: Lisboa, 1996 [Primeira edição alemã: Munique 1986];
Der frühe Abschied. Eine Deutung des frühen Kindstodes (A Despedida Precoce. Uma interpretação da morte infantil súbita). Kösel: Munique, 1988;
Der Verlust des Mitgefühls (O fim da compaixão). dtv: Munique, 1996;
com J. Prekop: Das Festhalten und die Problematik der Bindung im Autismus. Praxis der Kinderpsychologie und Kinderpsychiatrie, 35/7, 1986;
Die Familie. Wegbereiter oder Verhinderer der Autonomie. Simpósio internacional sobre pedagogia social, SOS-Kinderdorf Innsbruck, 12 a 14 de Outubro de 1989;
Haß, Fremdenhaß und Rechtsextremismus (ódio, xenofobia e extremismo de direita)". Neue Zürcher Zeitung, 30.11./1.12.1991;
Psychologic Aging as Pre-Existing factor in Strokes. Journal Nervous and Mental Disease, 134/2, Fevereiro de 1962;
The Discontinuity in the Ontogeny of Self. Possibilities for Integration or Destructiveness. Psychoanalytic Review, 61/4, 1974/5.

5 comentários:

  1. Tiveste uma ideia excelente em dar a conhecer esse senhor.

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  2. Deste-me uma ideia para leitura de férias...

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  3. ele não tem mais nada publicado?

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  4. conforme poderás vêr, já coloquei no post a bibliografia completa.

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  5. Não era ele que dizia que todo o rebelde tem um desejo secreto de ser conformista?

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