Porto, 1964, tradução de A. Augusto dos Santos
Foi em Os Irmãos Karamazov que Dostoievski se implicou por inteiro, sendo considerada a sua obra de maior fôlego. Escrita na fase final da sua vida, estava previsto que incluísse três capítulos, cada um deles dedicado a um dos irmãos (Aliocha, Dmitri e Ivan). A morte do romancista veio impossibilitar a criação do 3º volume, referente ao primeiro. Nesse período, o autor já havia abandonado o jogo e tentava restabelecer-se da morte de um filho. Nesta obra está presente um vasto painel da Rússia de então, como uma síntese grandiosa e inquestionável dos seus livros anteriores. Se a concepção religiosa de Dostoievski e a sua prosa dramática pudessem ser separadas, essa habilidade de mergulhar em vozes interiores e traçar um amplo e complexo painel social não existiria. E Dostoievski não seria tão caro ao leitor sensível, muitas vezes na adolescência, que é tão tocado pela sua intensidade moral, embora podendo dispensar o seu moralismo.
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