Na loja de ferragens e utilidades do Sr. Augusto, deu de caras com ele. Era mesmo o antigo professor de História no Liceu! Baixinho, barba espessa, voz possante, nada condizente com a estatura. Imediatamente foi assaltado pelas recordações trazidas pela presença do magister. Foi seu professor durante dois anos, já no final do secundário. Quando chegou, era um estreante na docência. Um porreiraço que concedia mais meia hora nos testes, se preciso fosse, e ainda dava boleia aos retardatários. Um ano depois, a coisa mudou. A vã glória de mandar subiu-lhe à cabeça. Certo dia, durante um teste, ignorando tal metamorfose, escreveu um comentário crítico à forma como determinada pergunta era feita, um bocado a armar ao pingarelho. Foi quanto bastou para que o barbudo o tomasse de ponta, penalizando-o nas notas. Já no final do ano, recordou-se, tinha na ideia distribuir no Liceu uma revista prafrentex, editada por jovens da localidade e na qual colaborava. Pelo que foi ter com o "barbas", que na altura exercia funções directivas, dando-lhe conta do incendiário propósito. Afinal, para coisa tão inocente, pensava ele, bastará esta formalidade, ditada pela cortesia. "Não permito!", foi a resposta do animal. Acontece que o dito cujo estava agora à mão de semear. "Ocasiões como estas não aparecem duas vezes", pensou. Dito e feito: agarrou numa moto-serra que estava exposta e pediu para experimentar. Como um raio, aproximou-se do ex-professor e, simulando que tinha perdido o controle, largou-a. Em segundos, a perna do outro já tinha sido atravessada pelos dentes do maquinismo. A parte do osso é que resistiu mais. Quando os presentes acorreram, aproveitou para desaparecer. Ainda olhou para trás, desejando ao recém-amputado uma longa docência sobre a história dos piratas. De preferência, ouvindo-se o ruído de um taco de madeira a bater no soalho...
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Não me digas que é o P....! ah! ah!
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