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domingo, 17 de setembro de 2006

A metamorfose


Quando certa manhã Gregório Gil despertou de um sonho agitado, viu que se transformara, durante o sono, numa horrível barata.
Percebi depois porquê. Tinha-me esquecido de comprar o SOL no dia anterior. "Corri" então ao quiosque da frente, à sucapa. O empregado, vencendo a repugnância, informou-me que o semanário tinha esgotado, num ápice, logo na manhã de sábado. Rastejei penosamente até casa, e ainda fui pregar um valente cagaço à vizinha boazona do lado. Vista de baixo, convenhamos, até valeu a pena. A custo, consegui ainda visitar o site radioso. Fiquei a saber que os 128 000 exemplares postos à venda se esgotaram em todo o país. E ainda por cima a edição não está disponível on line! Com medo que o gato me comesse, fui um bocado até ao esgoto, para ordenar as ideias. Para já, nunca mais acreditarei naqueles gajos que dizem que o sol, quando nasce, é para todos. Depois, estava já pronto para mandar mais umas achegas sobre os custos da interioridade, tipo "ninguém se lembra de nós", etc. Mas nem isso será possível, pois o jornal esgotou em todo o lado. Até na Madeira. Para já, vou-me conformar à clandestinidade durante uma semana. E juro-vos, caros humanos, que no próximo sábado, logo às 7 da manhã, vou irromper da sarjeta junto ao quiosque, com ar ameaçador, pôr toda a gente em debandada, pegar no jornal com as pinças e rastejar até à máquina do café do bar em frente. É mais do que óbvio que, nesse momento, voltarei ao meu aspecto normal. Mas a vingança será terrível...

Publicado no jornal "O Interior"

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