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sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Viagens - 3

O cactus San Pedro compreende várias espécies de um género antes chamado Trichocereus e agora foi reunido dentro do género Echinopsis. São pelo menos 3 espécies principais: a E. pachanoi é originária do Equador e norte do Peru, estendendo-se até Huarás e Huánuco; a E. peruvianus começa no departamento de Lima e vai até Cuzco; a E. bridgesii corre ao redor do lago Titicaca e chega a La Paz. No sul da Bolívia e no norte da Argentina há mais umas duas ou três espécies que não se conhecem muito bem. São bastante diferentes entre si: enquanto umas medem de 5 a 6 metros, outras nunca passam de 1,5m; algumas têm troncos de 30 cm de espessura e outras de apenas 7 cm; há espécies com 4, 5 ou até 12 segmentos ou divisões laterais. A quantidade de espinhos também varia muito. Mas todas as espécies contêm o mesmo princípio activo, a mescalina.
O uso do San Pedro provoca a ascensão lenta e perseverante a uma grande montanha solar: os ventos modelam visões sobre as texturas naturais (falésias, blocos de pedra), a terra abre o seu amor pleno e nutriente, convidando à subida, sem esforço, até ao topo onde se respira o céu. O olhar da ave e os passos do felino são oa melhor maneira de conduzir o corpo nessas alturas crescentes. Desde a alvorada ao anoitecer, o San Pedro abre e harmoniza as frequências de um organismo que busca a purificação e a ligação ao sol que sustem este mundo, a origem do fogo vital. Aflora o instinto animal, retido pela contemplação maravilhada das formas. A alma germina em contacto com Gaia (de forma mais terrestre do que a inigualável ayahuasca). As lutas do mundo dos espíritos ou as percepções extáticas atravessam o dia, vertidas em cada brilho, cada gesto.

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