crime,
sem sequer respirar para que nada perturbe a minha morte
nesta solidão sem paredes
deixo a minha estátua de terra limpa,
aventuro-me na lentidão da chuva
numa descida interminável,
sem braços que alcançar,
sem dedos para inventar a escala que sai de um piano
invisível,
sem outra coisa que um olhar e uma voz
que esqueceram de que olhos e lábios partiram.
o que são lábios?
o que é um olhar?
a minha voz já não me pertence:
dentro da água que escapa
dentro do ar que me foge
dentro do lívido fogo que corta como um grito.
e no jogo errante de um espelho frente a outro
cai a minha voz,
a minha voz que cresce
a minha voz que queima
dentro de um bosque de gelo:
aqui
deste lado
o barulho do mar onde tudo esqueci
onde ninguém me sabe.
in Labirintos
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