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quarta-feira, 12 de julho de 2006

Para acabar de vez com a vergonha

várias esquerdas e direitas, como é sabido. Há uma esquerda troglodita, que pontifica no mundo sindical e autárquico e que reclama, por exemplo, aumentos insensatos na GM da Azambuja. Para depois se queixar quando a empresa decidiu deslocalizar-se para onde os custos de produção são mais baixos. Pelos vistos, nada aprendeu com o caso exemplar da Autoeuropa. A idade mental desta esquerda ainda não saiu do PREC. Do outro lado, temos uma direita neta do antigo regime, a direita dos privilégios, retrógrada, marialva por excesso e hipocritamente paroquial por defeito.
Todavia, há uma questão por resolver no nosso país, a despenalização do aborto. Como muito bem diz Rui Tavares no seu blogue, o referendo que tarda em aparecer é uma causa paradigmática, onde toda a esquerda pode convergir no mesmo sentido. Com efeito, seguindo o articulista, é necessário confrontar os lideres da direita e os movimentos "Pró-vida" com factos e não com projecções: as inúmeras mulheres que efectivamente já foram humilhadas e condenadas por alegadamente terem praticado aborto. A lei existe, é bom não esquecer, sendo que a pena prevista pode ir de 2 a oito anos. E a triste realidade do aborto clandestino - desde as clínicas de luxo da fronteira espanhola até aos vãos de escada - também! Não metam a cabeça na areia! Não venham com subtilezas jurídicas, distinguindo descriminalização e despenalização! Alterar a legislação vigente - artigos 140º e seguintes do Código Penal - é uma condição para colocar este País no séc. XXI. Aliás, a Igreja, se tivesse uma réstea de pudor, deveria permanecer em silêncio, neste caso. E rezar pela memória das centenas de milhar de almas que condenou na Santa Inquisição.
É pois tempo de acabar com discussões bizantinas na AR e recolocar o referendo no centro da agenda política. O que irá requerer toda a mobilização possível, uma efectiva coordenação funcional e programática, como é referido no artigo. Vamos a isso!...

Leia-se também este texto, que assinala a alteração da posição do autor desde o referendo de 1998.

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