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quinta-feira, 13 de julho de 2006

Único - 1

Em Março de 2004, a editora Antígona publicou O Único e a sua Propriedade, de MAX STIRNER, Trata-se da sua primeira edição nacional, com tradução de João Barrento e posfácio de Bragança de Miranda, justamente intitulado” Stirner, o passageiro clandestino da história”. Aí pode ler-se que "nem é tanto Stirner que é um autor maldito; o seu livro é que foi amaldiçoado, uma e outra vez, ao longo dos anos, e das modas. (...) Trata-se de um livro extremo; mal se abre e se começa a ler, uma voz argumenta, seduz, insulta, combate e provoca"...
Em 1841, Stirner havia aderido ao Die Freien (os livres) um grupo de jovens hegelianos de esquerda, que tinha como figuras de proa Ludwig Feuerbach e Bruno Bauer A ideia base que os unia era a crença de que a dialéctica implicava que a História percorreu duas épocas absolutamente distintas: o materialismo intuitivo dos antigos (o mundo das coisas) e o mundo do espírito, próprio do cristianismo, cabendo encontrar uma nova síntese.
Feuerbach afirmou que a reverência que temos por Deus é antes pelo género humano, isto é, “a essência do homem é o ser supremo do homem”, ao que Stirner responde que o é, “precisamente por ser a sua essência, e não ele próprio”, sendo indiferente “ver a essência em mim ou fora de mim”. Para Stirner, o cristianismo situou sempre o ser supremo num duplo além, o interior e o exterior, sendo que o “espírito de Deus” é, ao mesmo tempo, “o nosso espírito” e “mora em nós”. Então “nós, coitados, somos apenas a sua “morada” e quando Feuerbach destrói a morada divina do espírito e o obriga a mudar-se de armas e bagagens cá para baixo, nós, a sua morada terrena, vamos ficar muito superlotados”. Para depois concluir que, afinal, “Os nossos ateus são pessoas devotas”.

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