para Van Gogh,
algures em Saintes-Maries
Há uma flandres inteira
de campinas rasas,
uma flor suicida
entre o céu e a neve
entre lábios e vésperas de sol
há uma meda de palha
esmagada
sob o ar tenso de Agosto.
mesmo errante nas colinas
olhando-se nas ravinas
uma lua, pobre louca,
num capricho de reflexos
não é ainda a agonia,
o demónio ainda não ruge,
o portal abre-se ainda
e a loucura passa além.
vai: os altos dragões de rocha,
atentos a todos os voos,
já previram desde há muito
a paz para esta noite.
sobre as suas negras chamas,
do grande céu verás chover
os fogos, frutos coloridos
que fazem estalar os ciprestes.
e se gira, gira, gira
o teu céu, é que ele suscita
a abundância, é que ele agita
a paisagem onde é sempre meio-dia.
in Labirintos
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