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Num canto da igreja estava o livro. Dentro, uma linha fina. Uma linha onde ainda algo cintila. Não para explicar, não para expor. Uma linha como uma criança: nos seus desenhos não copia o homem; instala-o. O traço como uma bofetada que torna inúteis as explicações. Pintura para o acaso, para que dure a aventura do incerto, do inesperado. Livro, deixa-nos ser livres, sair de ti para povoar os arvoredos lá fora. As nossas palavras nutrem-se de tempestades, extraem alimento da terra e dos homens. Deixa-nos calcorrear os caminhos com os sapatos empoeirados e sem mitologias. De língua nenhuma, a escrita – sem pertença, sem filiação. Linhas, apenas linhas.
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