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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A casa (15)

 Imóvel /entre os altos girassóis / és / uma pausa da luz

 O mundo é verdadeiro / Vejo / habito uma transparência

O dia / é uma grande palavra clara / palpitação de vogais

1 comentário:

  1. Um espesso pó nos aguarda.
    Por isso transformamos a ombreira
    da porta num braço de mar.
    O soalho de madeira faz da casa um navio
    onde as ondas iludem a errância do casco
    e a geometria das tábuas repete
    a simétrica dimensão dos mastros.
    Um remo parado significa uma espera
    ou a irremediável secura do olhar.
    É então que percorremos a casa
    e trancamos as portas para que o vento
    não seque os olhos alagados
    com que regamos o jardim.

    Graça Pires
    De A incidência da luz, 2011

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