Não sem algum acerto, o manuel a. domingos quis aqui repartir o mal pelas aldeias, no que à questão da crença/não crença diz respeito. Efectivamente, num tempo onde o sujeito perdeu de vista a sua relação com a transcendência e onde a crença ela própria se tornou um assunto privado, fará todo o sentido relativizar a crença em Deus, cuja existência se torna assim indiferente perante ela. Humaniza-se a crença e transforma-se em desejo mágico, uma vez que não só é impossível a certeza como facultativa a sua necessidade. Mas os problemas não acabam aí. Para o sagrado se revelar é preciso que alguém o veja desse modo. Ou seja, manifestar a sua fé. E, em paralelo, quem não queira ver, ou porque nega ou porque explica. Seja como for, é a incerteza do objecto que determina a dimensão (trágica?) do erro em ambos os casos. Por isso, ao contrário do que diz o manuel, não serão aquilo que ele considera como vantagens - fé e dúvida, respectivamente para crentes e não crentes - precisamente as pedras no sapato? É que, salvo melhor opinião, ambas significam não saber as respostas certas. Por acção ou omissão.
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