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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Leituras

Acabei de ler esta obra monumental. Valeu bem a pena, mais pela vastidão das fontes consultadas pelo autor do que pela análise macro dos factos em presença. Mais pelo tratamento minucioso da informação do que pelas teses apresentadas. Como exemplo, Gilbert procura sempre dar um rosto, um nome, aos factos descritos. Sejam eles um acto de heroísmo, ou de barbárie. Deste modo dificultando a intervenção do esquecimento. Tudo isto na melhor tradição anglo-saxónica. No fundo, trata-se de um excelente artigo jornalístico escrito por um excelente historiador. Deixo-vos com dois episódios que não resisti a transcrever:
1º Na véspera de Natal de 1944, com o III Reich já perto do fim e com a frente ocidental às portas do Reno, "os alemães lançaram um ataque final de bombas voadoras V2 contra a Inglaterra. As bombas, além da carga explosiva, continham cartas de prisioneiros de guerra britânicos, que se espalhavam no ar como confetti, na altura em que as bombas rebentavam. 'Querida', dizia numa delas, 'Aqui vai uma carta extra que inesperadamente fomos autorizados a escrever, mandando os nossos votos de Natal." (pág. 806);
2º No início de 1945, desenhava-se o assalto final à Alemanha, estando para breve o encontro das frentes leste e oeste. "Na noite de 15 de Janeiro, Hitler regressou de comboio do seu quartel-general do Ocidente para a Chancelaria do Reich, em Berlim. Enquanto o comboio avançava na direcção da Alemanha, um coronel SS do seu Estado-Maior observou, de maneira a ser ouvido por Hitler: 'Berlim será para nós o quartel-general mais prático; em breve, bastará apanharmos o autocarro para chegarmos da frente Ocidental à Frente Oriental!' Hitler começou a rir" (pág. 815). Após este fugaz momento de humor, desconhece-se o destino do coronel...

4 comentários:

  1. Gil,

    Não lhe aconteceu nada. Morreu como os outros na fase final. Hitler também tinha sentido de humor, entre os ataques de histeria.E acreditava numa durável resistência e Berlim (havia um QG alternativo no Tirol bávaro para onde foi aberto um último corredor aéreo, por uma mulher-piloto, fanaticamnete nazi, cinco dias antes de ele se suicidar), o que não aconteceu, não porque o povo não o apoiasse mas porque formatou o Povo a ser carneiro.Sem pastor e sem cão, o rebanho dispersava-se.Em outros lugares, o fascismo resistiu, como com Mihaliovich na Jugoslávia, na Itália de Saló, ou até na Roménia do Rei Miguel. Na verdade, lutaram em duas frentes. Na Ucrânia, os últimos Banderewizi, que acolheram os alemães como libertadores foram aniquilados em 1965 (a mesma data em que os últimos guerrilheiros anarquistas contra o Franco -- o grupo do «Cara Quemada» eram abatidos em Barcelona). Hoje, o massacre de 13 milhões de ucranianos pela fome, nos anos 30, que morreram como o judeus, mas pelas ruas do país, é comemorado num dia de luto nacional aprovado pelos principais partidos de Kiev. Em suma: a Guerra Mundial começou com a Revolução bolchevique, no que diz respeito a massacres de grandes números de pessoas. Tudo isto porque alguém queria aplicar um «choque tecnológico» a uma Nação rural e atrasada, devota e generosa, enfim, num país, que nem o maquiavélico Marx aprovaria para laboratório das suas teorias. Ninguém conta a história toda. O ódio cega e,na escuridão,vemos filmes, anúncios, ouvimos lengalengas, ou lemos jornais, mesmo em livro, o que nos leva por vezes a pensar que o Mal, afinal era o Bem.É uma espécie de desculpa da queda do Paraíso: ter a consciência do Bem e do Mal, depois de ter seguido o conselho da serpente, é interpretado como ter poder sobre o Bem e o Mal, ou seja, escolher o que é Bem e o que é Mal, em vez de escolher entre ambos.

    André

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  2. Muito bem, André. A tal aviadora não se chamava Hanna Reitsch?

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  3. Sim, Gil. Era uma piloto de ensaio, uma acrobata. As mulheres alemãs estavam todas apaixonadas pelo Hitler, que nunca se apaixonou por nenhuma delas.Dizia a Mussolini que se tinha casado com a Alemanha. Trêtas.Parece que se apaixonou uma vez quando era novo. Por uma judia que lhe deu com os pés.

    André

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