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quarta-feira, 27 de maio de 2009

A campanha alegre

Prossegue a sobrehumana excitação provocada pela campanha eleitoral para o Parlamento Europeu. Zaratustra Vital avança com o imposto europeu! Esta é de mestre! Mais uns tirinhos de salva para animar o pagode da feira! Continuando nas hostes socialistas, deu à costa o não sei quantos Pereira, ministro não se sabe bem de quê e clone bem sucedido de Sócrates. Fez um trocadilho superengraçadérrimo com aviões, a propósito do PSD: que "andaram vê-los passar estes anos todos e agora querem descolar" e tal. Historietas de caserna para divertir a assistência, composta na maioria por mulheres entusiastas da causa e solicitamente aplaudentes, daquele tipo "educadoras de infãncia" com uma perninha na política (ironia à parte e ao lado). Fartei-me de rir hoje ao almoço! Mais à frente, salvo seja, apareceu a candidata do PCP, não sei quantas eufêmia.. Ah, esperem, estão-me ali a segredar que não é essa. Prometo que um dia destes vou-me lembrar do nome dela. Foi a Coimbra, acompanhada de uma gaita de foles. Instrumento com uma sólida tradição na Lusa Atenas, como é sabido. Pois enquanto a gaita tocava, e dois ou três bailavam, a Ilda (é isso, lembrei-me agora), num impulso solidário, pastoral, foi meter conversa com uns estudantes que iam a passar. E que aproveitaram para perguntar onde ficava Estrasburgo e cravar uns guronsans para a manhã seguinte. Após consulta do oráculo, a Ilda pitonisa declarou então que "o ensino superior devia ser gratuito"!!! Com o mesmo à vontade com que o célebre ministro do interior iraquiano disse que as tropas americanas estavam a ser derrotadas em toda a linha. Isto enquanto já se viam tanques daquelas forças nas ruas de Bagdade. Um episódio que veio a fazer história, motivo de gargalhada e case study em todas as faculdades do comunicação do globo, como se sabe. Repito então. A candidata disse que O ENSINO SUPERIOR DEVIA SER GRATUITO. Ouviram agora? Ainda estão aí? Bom, vou continuar. O candidato do PSD parece que tem dito umas coisas, segundo me tem contado uma prima minha que tem um fraquinho por homens com ar de contabilistas e que já foram chefes de escuteiros. O do PP também, mas esse não brinca em serviço, como já se viu nos cartazes. Ah, resta então o Portas Miguel. Quer ele quer a lista do BE até está bem compostinha. Tem o Rui Tavares e tal. A quem saúdo, pois a vénia à inteligência faz sentido no meio de tanta estupidez. Estava então a almoçar e, ao ouvir o Portas Miguel, uma sugestão se apossou de mim: o registo vocal do eurodeputado parecia igualzinho ao do vocalista dos Tindersticks! As semelhanças eram impressionantes! Parecia uma alucinação! Sabem que mais? Se não for à praia nesse dia ou outras coisas que tais, vou mas é votar na Laurinda. Nem é tarde nem é cedo! Pior do que esta campanha só mesmo o festival Eurovisão deste ano. Com candidatos capazes de aceitar um pedido de asilo político ao David Hasselhof...

3 comentários:

  1. Também não é assim tão má esta campanha...

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  2. Não percebi, devo ser burro.

    E não devia ser gratuito?

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  3. Respondendo ao anónimo de cima: NÃO DEVIA.

    As razões para esta minha posição constavam de um comentário alargado que estava a escrever e que, por incompreensíveis razões técnicas, se apagou. Vou resumir, pois não tenho tempo para mais:

    1. A constituição diz que o ensino deverá ser "tendencialmente gratuito". No entanto, a norma é programática, vale como simples indicação para o legislador ordinário. O que significa que nunca poderá ser invocada isoladamente para ancorar a defesa da gratuitidade.

    2. Não é socialmente justo que um serviço público, naturalmente escasso, com excepção do ensino obrigatório e, em parte, do SNS, não tenha custos para o utilizador. Essa injustiça exerce-se sobre o contribuinte e sobre quem frequenta o ensino superior privado.

    3. As propinas são uma taxa (contrapartida de um serviço determinado) destinada a repor a racionalidade económica possível e a contribuir para a própria qualidade dos serviços prestados. Quem demonstrar não poder pagar, fica isento.

    4. Quem defende a gratuitidade ou é um demagogo perfeito, ou está de má-fe, ou as duas coisas.

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