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terça-feira, 7 de abril de 2009

A luta continua!


De fato, este meu ato refere-se à não aceitação deste pato com vista a assassinar a Língua Portuguesa.
Por isso ... por não aceitar este pato ... também não vou aceitar ir a esse almoço para comer um arroz de pato ...
A esta ora está úmido lá fora ... por isso, de fato lá terei de vestir um fato ...

Concordas com o modo de escrever acima exemplificado?
Se não concordares, clica na imagem que se segue e assina:


16 comentários:

  1. Um dia destes, um amigo, desses meio "macaco", enviou-me um email, com um conteúdo algo "forte" (leia-se, gajas). O texto que acompanhava em balão a acção dos personagens era mesmo mau (pensava eu), mas afinal já se tratava do português restaurado.
    Concluiremos que este português restaurado tem origens em BD para adultos??
    até poderia deixar a qui o link... mas inda perco as próximas eleições acusado de ser leitor dessas "coisas". hehehehheh

    Ag da Silva

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  2. Gil,

    Vou pró Brasil, exilado. Talvez um dia o desterro acabe, no dia em que acabar a longa noite da Democracia, essa palavra amarga. Lá não encontrarei o novo português pela primeira vez. Encontrei-o na China, onde um Língua antiquíssima se desenvolveu pelo contexto, pelos gestos e pelos olhos. Encontrei-o no Inglês que sempre desejei pronunciar ao modo da Bronx e de Brooklyn, aqueles lugares de quem Ric, o herói de «Casablanca» aconselhava ao oficial alemão a nunca lá penetrar com as suas tropas...talvez porque era um lugar de Igualdade e as pessoas quando são verdadeiramente iguais, no respeito e na alegria das diferenças, são iguais à Morte. Isto não me faz um entusiasta do Acordo, mas deixa-me em dúvidas quanto a uma campanha que se bate pelo último reduto da Língua quando, pelo menos para mim, a minha Pátria é muito mais que a Língua Portuguesa.

    André

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  3. Já assinei. Este acordo em forma de aborto é um preço muito alto para garantir ao Brasil um lugar no Conselho de Segurança da ONU.

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  4. André:

    André:

    Não é por simples boutade que afirmo que me sinto muito mais próximo de um castelhano ou de um galego do que de um brasileiro. Neste caso, não é a língua que me aproxima ou que me afasta, mas a cultura, a proximidade, o palco histórico comum. Tudo o resto é retórica (a dos "países irmãos" é especialmente deliciosa). Este caso do acordo, como já expliquei, representa uma inadmissível cedência a interesses geo-políticos do Brasil.

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  5. Gil,

    Tem graça. Eu sinto-me próximo de muita gente, sobretudo quando há um problema num avião, em vôo. Vejo a condição humana e frágil de todos. Sobre a Geo-política, é natural que um país com as potencialidades do Brasil peça o seu lugar, sobretudo quando tem agora uma combinação de Justiça Social que lhe permite ir crescer quando o Mundo todo declina. Mas eu sei que é frágil e a Inveja é grande. Além dele há outros países, como a Alemanha, a Índia, etc. Talvez seja porque a Ordem mundial teima em não querer ser a mesma. Estou certo que um Mundo com mais Brasil seria mais tolerante. E ainda sobre o sentir-se perto de alguém pela sua condição social ou histórica: as pessoas confinadas a proximidades adoptam comportamentos estranhos, uma vez de ódio outras de amor, outras nem uma coisa nem outra. A «natureza» de Portugal talvez convidasse aos grandes espaços marítimos e à viagem, onde o peso esmagador da Natureza nos dissolveu tantas associações humanas que foram, infelizmente, humanas demasiado humanas.Nós somos o teu «stalker», se calhar mesmo antes de existirmos, como o demonstram as afinidades pré-históricas entre a costa portuguesa e galega, com o país de Gales e a Irlanda ou até o Sul da Noruega. A história trágico-marítima de Portugal nem tem documentos, primeiro, por causa da feroz repressão de D. João II e, depois, porque foi feita por aqueles que derrotaram os cavaleiros castelhanos em Aljubarrota, os chamôrros, peões armados de varapaus, os mesmos da Padeira. Mas todas as coisas deixam um registo, como é o caso do estranho rigor do calendário olmeca, ou o facto da galinha prêta ainda ter hoje exacatmente o mesmo nome, entre os Hainu no Japão e os descendentes dos Incas nas montanhas do Perú, ou nas estranhas afinidades entre as pirãmides do Egipto e aquelas do Novo Mundo. O registo de Portugal silencioso, é o Brasil, não é Castela.

    André

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  6. André:

    Como queiras. Eu não consigo sequer ler livros com a grafia do Brasil, mas leio abundantemente revistas e livros em castelhano. Ouço alguém falar "brasileiro", fico logo mal disposto. Portanto, é uma questão cultural e... fisiológica. Em suma, estou muito muito mais próximo da Europa do que do Brasil. E assim tão difícil de perceber? E até te digo mais. Se tivesse a oportunidade ir à América do Sul, mais depressa me encontrariam em Buenos Aires do que no Brasil. Ao menos é uma cidade civilizada e com charme. Ah já agora, vou-me recusar a escrever como eles, é claro.

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  7. Eu vou assinar. Este ministro da cultura, que ninguém dá por ele, já saiu a dizer que o acordo vai ser implementado quanto antes. Que vergonha! Deviam era enfiar um espeto pelo cu acima dos linguistas que cozinharam esta merda.

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  8. Gil,

    Vamos conversando...ficarias talvez admirado com o elemento africano na Argentina, que se dissolveu bem entre os argentinos.Para não falar do elemento índio, e por isso se diz que a Argentina é «gaúcha». Talvez te refiras ao Chile, onde o elemento europeu é muito mais preservado e onde, realmente, os Araucanos de Lautaro, nunca se entregaram (foram os únicos índios que nunca foram derrotados pelos europeus)mas também nunca se multiplicaram. Como todos os lugares da Terra, em todos os tempos, vimos sempre de muitos lados, temos sempre muita «raça» e encontramos diferenças pelas quais há que morrer, quando a única coisa de que devíamos morrer era de Amor. Ao veres os vendedores loiros de Samarcanda, ou os paquistaneses e indianos de olhos azuis ou barba ruiva, que argumentam como Gregos clássicos, apesar de usarem turbante, te darias conta, de repente, que a Europa deslocou-se tanto como o eixo da Terra. Claro que os Urais não são a fronteira da Europa e as pessoas iguazinhas aos teus vizinhos na Guarda estavam em Valdivostok muito antes do Estaline e do Czar, ou no coração de Pequim quando os chineses julgavam muito justificadamente que eram o centro do Mundo. Na verdade já foi econtrada uma ponta de flecha genuína europeia num vale de rio americano, datando uns bons 50.000 anos de antes da famosa passagem a pé pelo estreito de Behring. Sim, tenho a certeza que o Brasil foi visitado por Europeus ou euro-africanos muito antes do que pensamos e não é preciso inventar OVNIS. Se queres ser castelhano, que posso eu fazer? Hoje «querer» é o primeiro mandamento. Lê Schopenhauer, talvez encontres lá bastantes afinidades nesse homem pouco divulgado porque não precisou de ser um anúncio publicitário como Nietzsche, para combater um hipócrita gigante chamado Hegel. Porquê? Porque se houve algo contra que ele se bateu foi contra o «Querer» e penso que até morreu, sentado, lutando talvez pela última vez contra o desejo. Não era um monge, nem de longe...era apenas um Homem que queria sair deste mundo, deixando um pouco mais de Bem do que aquele que a Mãe tinha deixado ao gerá-lo. Talvez do Acordo ortográfico (e ninguém me paga para dizer isto) nasça algo de novo na nossa Língua porque o Brasil não é apenas uma Nação. É um conjunto de Destinos. A grafia e a pronúncia podem escandalizar-nos mas os conceitos portugueses não morrerão no palavreado barato de certa cultura brasileira e o Brasil não será para nós, apenas telenovelas, «garotas de programa» e Carnaval. O Brasil é Machado de Assis, é Carlos Marighella, é D. Hélder Câmara, é os irmãos Boff, é Zumbi dos Palmares, é Padre António Vieira a quem os esclavagistas não fizeram o favor de o matarem lá naquele solo que ele tanto amava, limitando-se a destruir-lhe a carreira em Lisboa. Relê a Guerra do Fim do Mundo, mas não a do Vargas Llosa. Relê a do José Mauro de Vaconcelos. Perceberás porque é que os cangaceiros de Canudos destruíram três exércitos federais. Porque no Nordeste, os miseráveis mantinham ainda na sua simplicidade e no seu sofrimento, os códigos de cavalaria dos nossos cavaleiros de Alcácer Quibir. E foi do Nordeste onde os Portugueses mais tardaram a sair.Onde o Rei fraquejou, ficou a Forte Gente. E Garrett dizia, pouco antes de morrer, aos quarenta e poucos: « Não tenho medo que Portugal desapareça. Ele continuará no Brasil». E eu acho que há algo que Portugal deu ao Mundo, esse Portugal que matou, queimou e roubou, mas que nunca fez um Genocídio porque nunca matou ninguém pelo que era.

    André

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  9. André

    Como deves calcular, vou ser muito breve
    1º Nunca disse que "queria" ser castelhano, mas que, simplesmente, tinha mais afinidades culturais, geográficas e sociais com a Ibéria do que com o Brasil. Além disso, leio muito em castelhano e não suporto sequer abrir um livro em "brasileiro".
    2º A língua é para mim um componente identitário muito forte, para além de uma ferramenta de trabalho. O acordo ortográfico representa uma capitulação do Estado português perante interesses económicos, políticos e diplomáticos do Brasil. Portanto, vou-me recusar, ao abrigo da objecção de consciência, a escrever como os brasileiros. E como eu há milhares de portugueses.
    3º A cultura brasileira pouco me interessa. Tirando o Egberto Gismonti, a Elis Regina e o Drummond de Andrade, não tenciono perder um segundo que seja com ela. O Brasil até pode ser tudo isso que tu dizes. Mas se queres saber, estou-me nas tintas. Prefiro ir a Fuentes de Oñoro comprar revistas sobre literatura. Ao menos, aprende-se alguma coisa.

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  10. Tanta verborreia para fundamentar o avanço do acordo ortográfico? Mas é assim tão complicado perceber q a pretensa universalização da linguagem não é mais do que a anulação de culturas?! Que neocolonialismo é este que nos quer engolir no mais elementar da nossa identidade cultural e não só? Sempre li em portugu~es do Brasil, de Moçabique e angola e nunca tive qualquer dificuldade de entendimento. Mais: era deliciosa a demarcação linguística, dialectos e até crioulos. Agora vêm aniquilar o português de Portugal por questões de "entendimentos" e dimensão socio-cultural?! É impossível aceitar uma capitulação destas!E sim, a luta continua!!!!!! Acordo ortográfico não. SMV

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  11. Compreendo, caro SMV, que este género literário da Internet seja um para escrever à pressa. Mas o que me preocupa é quando se pensa à pressa. Talvez uma conversa de viva voz desfizesse equívocos. Claro que o Acordo não universaliza a Língua mas uniformiza uma Língua muito importante permitindo, entre outras coisas, que um autor português tenha mercado num outro país e não esteja sujeito a acrobacias morais para publicar e viver da escrita. O mesmo se diga do intercâmbio universitário. Depois, não é verdade que uma Língua uniforme impeça o desenvolvimento de grafias particulares. O basco, o catalão, o flamengo, infelizmente, devido ao seu particularismo radical, desenvolveram o convívio com Línguas estranhas como o Inglês mas o francês, o Alemão, o Italiano (muito mais ricos e cultivados que as Línguas anteriormente referidas) e o Romanche, tornaram a Suíça ainda mais unida, porque uma mesma ideia de Liberdade as unia. A lonjura de Portugal e Brasil permitirá muito mais unir, do que desunir. Nunca vi intenções neo-coloniais do Brasil em relação a Portugal, antes vi orgulho em alguns sectores na sua ascendência portuguesa e nunca vi intenções neo-coloniais de Portugal, em relação ao Brasil. Pelo contrário, de Angola vi intenções neo-coloniais como no projecto de Njingalis. Quanto a neo-colonialismo,SMV, não seja tão comicieiro, pois somos todos neo-colonos uns dos outros, há milénios. Ao contrário, certos impulsos de independência formal, tipo bandeira-hino-Presidente, ou mudaram de colono ou submeteram povos inteiros à mais horrível das opressões. Por fim, a verborreia: é isso que me mete medo no que diz, e nos pontos do Gil. A Língua é sobretudo falar, é verborreia. Talvez porque nunca experimentou uma Guerra é que despreza os raros momentos em que somos livres para falar. O mesmo do «não perder um segundo», ou do «estou-me nas tintas» do Gil. É arrogância, simplesmente. Caro SMV, ame mais e lute menos.

    André

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  12. André:

    Como já esperava, a tua participação no debate torna-o mais amplo e intenso. No entanto,vou acrescentar algo mais ao teu último comentário.

    1º Este acordo é um erro que iremos pagar muito caro. É que a ortografia não tem que ser legislada. Ora, ao contrário do que pensam os deterministas, a História é cega. Não encerra nenhum desígnio. O pesadelo dos promotores do acordo ortográfico é que a língua também é cega. Dispensa burocratas e tarefeiros de circunstância.

    2º Para universalizar o inglês ou o espanhol nunca houve necessidade de fixar as respectivas grafias administrativamente. No caso do inglês, até é interessante observar a forma como se tira partido dos desvios do inglês dos EUA em relação ao padrão britânico.

    3º Até reconheço que, como afirmas a cultura brasileira encerra alguma grandeza. Só que, de um modo geral, não me interessa o que ela produz. Será isto arrogância, como apontas? Será que é obrigatório gostar de tudo, só porque é politicamente correcto? No meu caso, prefiro literatura consistente, construções teóricas esclarecidas e sustentadas, espectáculos competentes e alheios a modismos mal digeridos, produtos culturais e não subprodutos, como as telenovelas. Pois bem, a vida é feita de opções. Neste caso, a minha é bem clara: a seriedade e a inovação, em vez de uma espectacularidade enfadonha e postiça.

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  13. Gil,

    Admito, isso das opções. Touché. Não conheço bem o Acordo mas, entretanto, a grafia foi mudando. Já não se escreve como escrevíamos na Universidade. Não tenho boa ideia de Acordos decretados pelos Governos mas sei que, como o Direito anglo-saxónico, certamente que houveram muitas decisões administrativas e precedentes a fixarem a grafia. Eu sei que eles vivem de processos muito mais do que referendos. A ausência de uma vontade geral e o peso do costume, alimenta muitos negócios aos artesãos das transições. Miguel Rovisco, esse malogrado Grande Autor português, ajudava a preencher os formulários às pessoas numa Repartição Pública, ao menos ele, só para poder pensar nas suas peças. Na Turquia, Ataturk impôs a grafia latina em três meses. Não conhecemos o número das vítimas mas a Turquia ainda hoje é uma Nação muito problemática. Nós não somos, mas temos 900 anos, somos velhos e fracos. Será o melhor caminho defender a nossa grafia? Sim, se quem a defender exigir uma nova Política cultural, em que os autores portugueses sejam acarinhados e não tenham que fazer várias tentativas de suicídio, como o Ramos Rosa, até que lhe dêem um subsídio. Perdoa a verborreia: o nosso símbolo nacional,Camões, morreu como um cão. Jairo, o seu criado indonésio pedia esmola para ele, pelas ruas de Lisboa. Tenho a certeza que se ele pudesse ter escolhido, ficaria com « a cativa que o tinha cativo» e teria escrito os Lusíadas talvez ao abrigo de um Acordo que os corações selaram.Sim, é bonito pensar, como correria o pobre pescador luso-malaio Camões, atrás dos seus filhitos de pele escura?

    André

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  14. Este assunto nem devia ser polémico. Quem ainda não se apercebeu do absurdo deste acordo irá fazê-lo logo que veja as suas consequências na prática. O que choca é isto: um tema que diz respeito a uma reaprendizagem de um instrumento utilizado diariamente por milhões de pessoas ter sido delas escondido e apresentado como um facto consumado. Sem um referendo sequer. À boa maneira jacobina e cobarde, como o PS e a esquerda tanto gostam. Com as cliques terceiro mundistas do politicamente correcto rejubilando de alegria, misturada com um ressentimento ignóbil, e um complexo de antigo colonizador por resolver. Um manguito para eles todos!

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  15. Ao que parece, a petição vai ser discutida muito em breve na AR. Quero ver com,o é que o Sócrates se desembrulha desta. Na sua lógica de governação por soundbites, vão pesar os milhares de votinhos que assinaramn a petição. Mas esperem! Leio o pensamento do "licenciado" Sócrates: "Ah, querem discutir minudências de língua e isso. Então vão levar com os casamentos gay, que é para aprenderem!" E assim vamos...

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  16. Mas é assim tão complicado? ao fim ao cabo, as variações vão ser mínimas...

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