Este novíssimo velho, nascido para a vida política por via de um longo e extenuante tirocínio da carne assada, num desses aviários de mediocridade que dão pelo nome de juventudes partidárias, tem funcionado recentemente, no PSD, como a reserva moral que busca a respeitabilidade, a réplica "xóven" de um acácio queiroziano que abrilhanta os salões e emudece os basbaques. Para Sócrates, este personagem que é oposição (dentro do PSD) mas afinal não é, que pisca o olho aos liberais, mas afinal gosta de grandes investimentos públicos, que está mas não está, que vai passeando a sua irrelevância intelectual pelos lustres e pelas ribaltas oferecidas pelo jornalismo "oficial", veio a revelar-se de uma enorme utilidade. No fundo, tiveram ambos o mesmo percurso: os anos de "formação" nas respectivas juventudes partidárias, a existência televisiva, umas golpadas aparelhísticas aqui e acolá, umas sinecuras nos entretantos. Com uma diferença: mesmo tendo frequentado a mesma escola e participado nas mesmas brincadeiras, Sócrates vem da pequena-burguesia da província; por sua vez, Coelho vem da burguesia da linha. Uma diferença considerável. Mas que não deixa de incentivar os cruzamentos, as confluências, as afinidades comuns, o gosto por soundbites vazios. O último, veio agora a saber-se, é apologista do TGV, mas defende a criação de um "cluster". Um "cluster"? A coisa aconteceu num jantar promovido pelo "Economist". Ver aqui a notícia. Embora diga que não, Coelho assume-se pois como contraditor qualificado da líder do PSD. Mesmo defendendo uma insanidade como a construção de um TGV num momento de recessão como o que vivemos.
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