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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Sapo, qual sapo?

Os deputados do PSD-Madeira acabam de aprovar a suspensão administrativa de um deputado, seu par, na Assembleia legislativa daquela região autónoma. Ao arrepio da Constituição e do Estatuto respectivo, como já salientaram os especialistas. Entretanto, Cavaco Silva, que tem poder de dissolução sobre aquele órgão, lavou as mãos do assunto, melhor ainda do que Pilatos. A justificação é surrealista. Baseando-se em informações que lhe foram transmitidas pelo representante da República, o qual tem dialogado imenso com o presidente da Assembleia, não hesitou em garantir que que a situação "tende para a normalidade". E que, quanto a uma ameaça ao regular funcionamento de uma instituição, nada pode fazer. Ver aqui a notícia completa. "Extraordinário!", é o que os portugueses que acreditam num estado de direito democrático poderão dizer. Repare-se que a situação "tende". O que significa que, logicamente, este movimento para a normalidade pressupõe uma anormalidade anterior. E que os bons ofícios para essa reposição resultarão necessariamente de uma intervenção divina. Assombroso é assistir a esta tendinite aguda, onde o PR emite declarações de fé sobre um assunto que, pela sua gravidade, só admite a sua intervenção célere e exemplar. Sobre o prestígio do regime estamos conversados. Depois admirem-se de ouvir dizer que no tempo do Salazar é que era bom.

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