Esquerdo-Direito, soa nas minhas memórias, boas, da tropa. Marcha, soldado/cabeça de papel/se não marchares bem/vais preso pr’ó quartel. E, lá no ritmo contente dos magalas em Paz, se perde a sequência Esquerda-Direita na memória dourada da minha juventude.
Fica a Esquerda, fica a Direita. Mussolini era de Esquerda ou de Direita? Hitler era assim tão diferente de Lénine? Obama é tão diferente de McCain? O que eu vejo, é uma data de oportunistas que fizeram das divisões granulares do Mundo, uma bela oportunidade. E há outras para lucrar: Homem/Mulher, Velho/Jovem, etc.Vejo discursos ritmados, levados pelas palavras, que, depois dão numa prática muito patusca. Tasca da KGB, Bordel das SS. Devíamos ver com mais cuidado aqueles múltiplos personagens mutantes que dão muito mau nome à Esquerda/Direita dos nossos ódios. E, isto sem pôr em causa que, numa Democracia decente (sendo que muita decência não é democrática) Esquerda e Direita são duas posições aceitáveis de ir pondo um pé à frente do outro, na História. Dá cá uma ajuda, D. Quixote: se não virmos mais do que os nossos olhos vêem, o Mundo não passaria de uma taberna. Há tempo de Cognac, há tempo de Trabalho. Um tempo para viver, um tempo para morrer. O Juíz Baltazar Gárzon conformou por intimação judiciária, que Franco morreu e deixou a tarefa da abertura das fossas da Guerra Civil, às autarquias. A intimação judiciária para saber se Hitler morreu, por causa dos bombardeamentos da Legião Condor, ainda anda aí pelas secretarias e parece que foi expedida agora para um lugar chamado El Murcón, na Argentina, onde um índio chiquito disse que viu um jerico com um bigode curto a fugir para Sudeste. A carta de intimação para D. Sebastião se apresentar num dia de Sol, ainda está ser considerada. Garzón, do alto da sua água de colónia, disse-nos que, se fosse ele, o Tribunal de Nuremberga nunca devia ter existido. Era o mesmo que ele. Garcia Lorca, o vermelho e maricas, disse aos tipos que o iam executar depois de o arrancarem à família falangista que lutava desesperadamente por o esconder: “Não me mateis que eu acredito na Virgem”. Desgraçado de quem não o quis ouvir.
Mas eu vou ouvir Garcia Lorca: verde, te quero verde/como o cavalo na montanha. E vou ouvir um fado. E vou ouvir o coro do Exército Vermelho a cantar “No Don ficou só uma árvore em pé”. E vou ouvir aquela canção que os oficiais alemães no belo filme “Casablanca” cantavam, que falava da beleza do Reno e da saudade da Pátria. E, no fim, vou ouvir o Requiem de Mozart que diz: malditos, suspirai! Benditos, exultai!
André
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