Da longa entrevista de Manuela Ferreira Leite, ontem na TVI, conduzida por Constança Cunha e Sá, retirou-se o soundbite mágico: a líder do PSD quer discriminar as uniões gay. Imagino o coro de indignação nos "sindicatos" do sector, ainda a curtir a ressaca da parada de sábado. Os batalhões do politicamente correcto com expressão nos blogues e nos media tradicionais vieram imediatamente à liça, lançando vitupérios e aleivosias contra tal arcaísmo. O habitual. Em meu entender, a coisa é assim: dois indivíduos do mesmo sexo ou de sexo diferente decidem viver em comum. Bravo! No primeiro caso, se quiserem mesmo casar-se, imagino que por causa do décor e da adrenalina, tenham lá paciência, mas inventem outra coisa: uma mancomunidade a dois, uma sociedade em comandita, onde o parceiro activo seria o comanditário e o passivo o comanditado, uma associação de socorros mútuos, etc. Casamento é que não. No segundo caso, se os cidadãos envolvidos optarem pela vida em comum sem núpcias pelo meio, simplesmente decidiram sobre um modelo para a sua vida privada. Ninguém tem nada com isso. Sobretudo o Estado. Para quê, então pretender que este atribua efeitos onde os directamente interessados não quiseram? Para quê tornar artificialmente igual aquilo que não se quis igual? Por outro lado, é assim tão chocante admitir que a finalidade principal do casamento é a procriação? Nem é preciso ser antropólogo ou historiador para confirmar tal evidência. Para quê, então, tal tempestade?
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