Através do Américo Rodrigues, tive conhecimento de dois factos notáveis e que confirmam o provincianismo reinante na Guarda:
1º O pintor Rebelo pôs a circular a ideia de que trabalhos seus seriam expostos na Expo de Saragoça, no Dia de Portugal. Seguiram-se desmentidos por parte de quem aquele diz tê-lo convidado, a Associação de Amigos do Museu da Guarda. Mas nunca houve um esclarecimento cabal deste bluff.
2º O ex cardeal Saraiva de Melo, natural de Gagos, no concelho, aproveitando a passagem à reforma, acabou de editar a sua autobiografia: "Quando a Igreja Sorri, Biografia do Cardeal Saraiva Martins" (sic). A Câmara da Guarda, através do seu Presidente, quis logo associar-se ao evento, comprando mil exemplares da obra.
Em jeito de comentário, direi o seguinte: no segundo caso, há uma clara desproporcionalidade entre a relevância local do prelado e a sua quase beatificação em vida. Que lhe façam uma estátua na sua freguesia, vastos laudos nos jornais locais, ou que a autarquia, por hipótese, apoie a criação de uma casa-museu ou de uma fundação com o seu nome, nihil obstat. Agora que a Câmara participe numa campanha apologética sem o mínimo de distanciamento crítico em relação à obra, já me parece de censurar. Até porque há inúmeros criadores locais que aguardam em vão a atenção da autarquia. O primeiro caso remete para dois vícios recorrentes nos meios com pretensões artísticas da Guarda: a mitomania e a auto-complacência. Ou seja, a ausência de um crivo crítico exigente e universal, a leviandade com que muitos artistas sem formação técnica e académica encaram a sua obra, a inexistência de uma estratégia concertada de avaliação do mérito e apoio dos artistas radicados na cidade.
1º O pintor Rebelo pôs a circular a ideia de que trabalhos seus seriam expostos na Expo de Saragoça, no Dia de Portugal. Seguiram-se desmentidos por parte de quem aquele diz tê-lo convidado, a Associação de Amigos do Museu da Guarda. Mas nunca houve um esclarecimento cabal deste bluff.
2º O ex cardeal Saraiva de Melo, natural de Gagos, no concelho, aproveitando a passagem à reforma, acabou de editar a sua autobiografia: "Quando a Igreja Sorri, Biografia do Cardeal Saraiva Martins" (sic). A Câmara da Guarda, através do seu Presidente, quis logo associar-se ao evento, comprando mil exemplares da obra.
Em jeito de comentário, direi o seguinte: no segundo caso, há uma clara desproporcionalidade entre a relevância local do prelado e a sua quase beatificação em vida. Que lhe façam uma estátua na sua freguesia, vastos laudos nos jornais locais, ou que a autarquia, por hipótese, apoie a criação de uma casa-museu ou de uma fundação com o seu nome, nihil obstat. Agora que a Câmara participe numa campanha apologética sem o mínimo de distanciamento crítico em relação à obra, já me parece de censurar. Até porque há inúmeros criadores locais que aguardam em vão a atenção da autarquia. O primeiro caso remete para dois vícios recorrentes nos meios com pretensões artísticas da Guarda: a mitomania e a auto-complacência. Ou seja, a ausência de um crivo crítico exigente e universal, a leviandade com que muitos artistas sem formação técnica e académica encaram a sua obra, a inexistência de uma estratégia concertada de avaliação do mérito e apoio dos artistas radicados na cidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário