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quinta-feira, 12 de junho de 2008

O tempo da escrita

Já andava há uns tempos para chamar a atenção para dois textos do Manuel Domingos (neste caso, manuel a. domingos) no seu blogue, sob o título " Escrevo neste tempo que guardei só para mim". Lembrou-me que pensar em voz alta é um exercício porventura cruel, mas dos únicos realmente gratificantes. Em particular na blogosfera. Neste caso, o Manuel coloca a si próprio uma questão principal: a qualidade da sua escrita. A partir daí, podem-se colocar outras, a que também faz referência: serão os blogues, para muitos, circuitos de jogging, onde só a endurance acaba por trazer o brilho ou a visibilidade? Quando a ambição passa pela escrita, é a necessidade que traz o engenho? Sinceramente, não sei. No caso do Manuel, gosto do que ele escreve. E também sei, tal como ele deixa transparecer, que a criação de um estilo pessoal passa por algumas dúvidas, muitos sobressaltos, onde tudo se joga sem subterfúgios. A propósito, num dos poemas de Alberto Caeiro lê-se que "pensar é como andar à chuva". Neste caso, e já não sei se o Manuel concordará, acrescentaria que escrever implica também saber boiar, pois nadar não chega.

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