Reflexões, notas, impressões, apontamentos, comentários, indicações, desabafos, interrogações, controvérsias, flatulências, curiosidades, citações, viagens, memórias, notícias, perdições, esboços, experimentações, pesquisas, excitações, silêncios.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Contraponto (5)

Edições Tinta-da-China, 2008
PVP Lojas Fnac: 16.02 €
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A obra recolhe entrevistas a Luiz Pacheco, publicadas entre 1992 e 2008, com introdução e organização de João Pedro George. Foram entrevistadores: Baptista-Bastos, Carlos Quevedo, Cláudia Galhós, João Paulo Cotrim, João Pedro George, Mário Santos, Paula Moura Pinheiro, Pedro Castro, Pedro Dias de Almeida (sim, é mesmo o Pedro da "Visão"!), Ricardo de Araújo Pereira, Ricardo Nabais, Rodrigues da Silva, Rui Zink e Vladimiro Nunes.

O Luiz Pacheco criou uma personagem, contribuiu voluntariamente para levantar uma lenda à sua volta, ou fomos nós que a criámos? As duas coisas. Luiz Pacheco sempre foi um crítico arrojado e um tipo singularmente divertido, um trocista desbragado, com um desplante e uma sem-cerimónia invulgares. Um homem que não levava a sério as regras consuetudinárias nem os convencionalismos da moral. Em suma, alguém que não fazia parte da normalidade social, aquilo que as sociedades consideram um indivíduo «extravagante» ou «excêntrico». Ora bem, por via de regra, todos os grupos humanos têm, sempre tiveram, o seu quinhão de excêntricos, necessitam mesmo deles. O excêntrico é algo que se deve ter, um adorno que fica bem, mais a mais no mundo das artes e das letras, que necessita mostrar a sua diferença relativamente aos outros meios sociais (mais «vulgares»), e cujo prestígio assenta, em grande medida, numa retórica da originalidade e da transgressão. O excêntrico, como no passado os bufões ou os bobos — aqueles que diziam «cousas loucas e cousas acertadas» (Manuel Laranjeira) — é alguém que tem por função divertir, provocar, surpreender, ou seja, aliviar a tensão que nos provocam as exigências dos compromissos sociais.
(ler aqui na íntegra)

do prefácio "Cousas loucas acertadas", por João Pedro George

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