Ainda o coleccionador, esse capataz do espectáculo (na acepção de Debord), essa picareta cibernética que fala sobre tudo com a familiaridade de um demiurgo, esse grossista da produção cultural, que apresenta as suas escolhas por atacado, sem qualquer distanciamento crítico, esse case study essencial da blogosfera, não pára, não pode parar, quer espremer o seu não-ser até à demência, porque sabe que, ao voltar-se um momento que seja e com honestidade para dentro de si, não encontrará lá nada, a não ser fiapos viscosos de vaidade no meio do deserto, quer ser o primeiro a chegar, sempre o primeiro, enquanto ostenta os seus troféus como se fossem estandartes de um conhecimento que se resume a erudição wikipédica, circular, que nunca vai além da epiderme, que nunca toca na linguagem, que rodopia incessantemente numa vertigem autofágica, onde o silêncio não tem lugar, pois é o verdadeiro inimigo.
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