Mário Nogueira, o chefe do soviete Fenprof é um dos últimos exemplares vivos da espécie comunio defenestadoris sapiens, segundo designação aceite pela maioria dos antropólogos. Aquele derrame espasmódico de ódio corporativo e aquele bigodinho à Rolão Preto são só o disfarce de uma natureza cruel e brutal, o atributo mais associado àquela espécie. Soube-se agora que o antigo mandatário da candidatura do chefe Jerónimo tem um altar em casa com uma imagem do Zé dos Bigodes, segurando umas criancinhas, como o georgiano mais conhecido da história costumava fazer. Todos os dias, depois de umas abluções e uma sessão de tiro ao alvo na fotografia da Ministra da Educação, o Mário faz um acto de contrição jdanovista, seguido de uma breve simulação de uma execução em massa de todos os que "atentam contra os direitos dos associados do sindicato" - "Só para descontrair do stress diário", veio mais tarde a reconhecer - acabando por entrar numa espécie de êxtase xamânico, por se sentir tão pertinho do "pai dos povos". O Mário, recentemente, tem-se multiplicado em entupir os tribunais com umas preciosidades legais. São acções atrás de acções. Mas o homem, pelos vistos, é pouco conhecedor das minudências jurídicas. Canta vitória sobre vitória para os basbaques da comunicação social, ignorando que os tribunais se limitaram a aceitar o que lá mandou colocar, sem nunca terem decidido sobre o fundo da questão. Até agora. O Tribunal Constitucional, através do acórdão nº 184/2008, de 12 de Março, veio chumbar as pretensões dos requerentes, 25 deputados que pretendiam ver declarados inconstitucionais certos aspectos da Lei que alterou o Estatuto da Carreira Docente. O Mário, esse tem estado caladinho que nem um rato. Fazendo jus ao outro atributo da sua espécie: a demagogia sem limites.