O Dr. Júdice, até agora o ódio de estimação predilecto deste blogue, acaba de vir aos costumes dizer que a eleição de Marinho Pinto para Bastonário representa uma "tragédia ao quadrado". Dirigia-se sobretudo aos colegas, que encara como iludidos com o discurso de M.P. Nisto pouco difere de Hugo Chavez, quando chamou à sua recente derrota nas urnas uma "vitória de merda" da oposição. A sentença do conhecido transumante, o mesmo para quem Portugal "é um país de merdosos", encerra uma ameaça velada: "quisestes assim, seus ingratos, então ides ver como elas cantam!..." Claro que isto não significa a oferta de uma assinatura anual para o S. Carlos. Lembro que o ex-mandatário de António Costa é também senior partner de um gigante da advocacia nacional. Que sobrevive à custa de chorudos honorários sacados pelos pareceres que generosamente o Estado continua a submeter-lhe em regime de exclusividade. Não custa pois adivinhar o verdadeiro significado do oráculo: 1º a fina-flor da advocacia tem um testa de ferro pronto para tudo. Sobretudo para prevenir um assalto ao Palácio de Inverno pela plebe que elegeu Marinho Pinto, o pedestal onde os seniors se entretem a desfilar como burocratas de luxo do regime; 2º o Dr. Júdice manifesta o seu ressabiamanto de classe contra o "rural" Marinho Pinto, o "filho do alfaiate". Em síntese, o auto-acantonamento de um oligopólio, onde aparece Júdice como cabeça de série. Devidamente emplumado atrás de uma jactância e de uma soberba que se tornaram a sua imagem de marca. O figurão já percebeu que as coisas vão mudar na advocacia. Aquela que vai prosperando graças ao tráfico de influências não vai ter a vida facilitada. De tal forma que, para ela, a tragédia é bem capaz de ser ao cubo.
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