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segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Coleccionismo e pechisbeque

Fui ver as novidades no blogue do TMG. Com alguma surpresa, deparei com uma profusão nunca vista de comentários nas caixas respectivas das últimas postagens. Um sinal de que o debate não é letra morta. Todavia, dei conta de que, por vezes, o anonimato revela o melhor e o pior dos seus autores. A ilustrar a segunda hipótese, veja-se este comentário. Como se nota, até os mistificadores não faltaram à chamada, acorrendo entusiasticamente e fazendo uso dos exercícios masturbatórios a que se resume a sua endurance criativa. A prosa mais parece uma paródia a um texto do Rodrigues Migueis ou do Aquilino, um projecto de guião para um filme do Pedro Costa, ou até mesmo um editorial do jornal "A Guarda". Embora o uso indiscriminado da elipse nos transporte até Faulkner. De qualquer modo, este é dos exemplos mais felizes que tenho encontrado daquilo a que José Gil se refere como uma "não inscrição". Isto é, a ambiguidade com origem no pavor visceral que o português tem em querer conhecer as suas limitações. Sentindo-se desconfortável com aquilo que não conhece e indisponível para o que não compreende. Daí até refugiar-se no limbo do descomprometimento, na teia da virtude permanentemente negociada, na retórica estéril, é um passo lógico. Prova disso é que o resultado deste texto assemelha-se a uma colecção de obscuridades, ao produto de um esguicho solipsista. Ao que parece, com recadinhos cirúrgicos pelo meio. Como uma mensagem criptográfica. Haja paciência!

6 comentários:

  1. Gil:

    Por este texto, nota-se que continuas a não abdicar da liberdade de pensamento e de expressão. Sendo algo que se nota cada vez mais, pois o acomodamento e o silenciamento comprometido são a regra. É a vida. Ou a vidinha, como dizes.

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  2. Cá para mim, andas a atirar pérolas a porcos. Ainda não percebeste que na Guarda ninguém quer maçar-se a debater o que quer que seja. Tudo não passa de arrufos de tasca ou de corredor e palmadinhas nas costas no final. Se queres atiçar fogos, escreve outro post sobre a Covilhã. Ao menos aí o pessoal participa, reage, discute.

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  3. Rui, tenho que reconhecer que andas perto da verdade. Excepto no que toca ás pérolas.

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  4. A trupe de blog swarm que invadiu as caixas de comentários do blogue do TMG ficou bastante agitada com este texto. É porque atiraste a matar, coisa que sabes fazer muito bem... E já agora, não percas tempo com a tropa fandanga. Estás noutro campeonato.

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  5. Obrigado, Pedro. Mas olha que não foi para matar, mas para atordoar. Como um bom ecologista. Melhor, para espicaçar. Esticar a corda até perceber se conseguem substituir a reacção pela acção. Já vi o que queria.

    Abraço

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  6. Fui ver esse e os outros comentários desse blogue. Aquilo parece obra da mesma pessoa, assumindo vários nomes. Mais um mitómano.Recomendo que leiam um post que escreveu o Pacheco Pereira no Abrupto sobre "A fauna das caixas de comentários". Está muito bem caracterizada.

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