Vale a pena ler este manifesto da antiquíssima esquerda. Chama-se "Mudar de Vida, Reerguer a Luta Contra o Capital" e é assinado pelo colectivo que edita o jornal "Mudar de Vida". Foi uma trabalheira dos diabos descobrir o ADN ideológico desta gente. Detestam a esquerda parlamentar, representantes espúrios dos verdadeiros oprimidos. Denunciam "o novo fascismo que irradia dos EUA sob a bandeira da democracia e dos direitos humanos". Fazem uma espécie de mea culpa: "Não temos de que nos penitenciar. Iludidos muitos de nós tempo demais quanto à natureza do “campo socialista”, não nos enganámos contudo ao defender os interesses operários e populares". O discurso alucinado prossegue, com o apelo a um "feminismo de massas" (????). Chegado aqui, aconselho a leitura de "A Traição do Eu", de Arno Gruen, na parte em que retrata o "rebelde". Sobram ainda referências hostis ao "estado de direito", às "massas de eleitores", à "escalada de guerras e invasões do imperialismo" (nem uma única referência ao terrorismo islâmico, note-se), às "leis do mercado", ao "programa neoliberal da UE", à "ofensiva do capital mundializado", etc. Este manifesto é realmente uma colecção completa de chavões atrás dos quais se blindou quem neles acredita. Um reservatório notável e em bruto do discurso esquizofrénico que tomou conta da esquerda histórica. Aquela que nem imagina que existe "A Sociedade do Espectáculo", de Debord. Aquela onde insuspeitas figuras, como Mário Soares, vão às vezes beber. Trata-se pois, como poderão confirmar, de um perigoso sonífero de que convém não abusar. Ora, devo dizer que, em relação à primeira parte do título, preferiria ouvir pela eternidade fora o tema homónimo do Carlos Paredes, pois não me cansaria. Quanto ao reerguer, sugeria a estes esclerosados adeptos da luta de classes um bom tratamento com Viagra, Cialis, ou até mesmo o natural Via Max.
NOTA: o texto foi reformulado, após leitura mais atenta da fonte, graças à referência feita por João Tunes, no "Agua Lisa".
NOTA: o texto foi reformulado, após leitura mais atenta da fonte, graças à referência feita por João Tunes, no "Agua Lisa".
Então esse jornal é maoista...hummm.
ResponderEliminarEstive a ler o texto. Apesar do sectarismo e tudo o mais, não deixa de fazer uma reflexão interessante acerca da esquerda institucional. Na sua inocência, acaba por dizer aquilo que esta não é capaz de reconhecer.
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