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terça-feira, 23 de outubro de 2007

Duplipensar


Lembra muito bem João Tunes a duplicidade do PCP: no mesmo dia em que promove uma mega manifestação, no Parque das Nações, para defender os interesses das "massas" filiadas nos sindicatos que controla, envia uma caloroso aerograma ao "irmão" chinês, lembrando as virtudes do regime que este tutela da forma que se sabe. Mas haverá aqui alguma incoerência? É claro que não. O PCP desde sempre assumiu uma estratégia ambivalente: é uma coisa fora do poder e outra quando "já lá está". Nem que seja a nível autárquico. Internamente, clamando pela unidade sindical, amarrou os sindicatos que controla à sua agenda política. Para utilizar a seu bel prazer a capacidade de mobilização destes . O disfarce cessa quando se trata de enaltecer as "conquistas" onde os seus émulos são poder. Já agora, recordemos que no Império do Meio não há sindicatos e os poucos que existem resumem-se a um ou dois representantes nomeados pela estrutura local do PCC junto das empresas. Nada que surpreenda. Afinal, este modelo, sumamente apropriado ao fim da luta de classes, sempre preencheu o imaginário dos dirigentes comunistas. Mas nem por isso deixa de ser notícia.

Nota: a CGTP criou um novo fantasma, que agita para agrupar os seus apaniguados: a flexisegurança. Ainda não percebeu, nem provavelmente o fará
nunca, que a sua aplicação é a única forma de salvar o Estado-providência.

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