«O desejo é a própria essência do homem», escreve Espinosa na sua Ética. Na cidade de Doroteia, que «terrenos bravios» fizeram desejar, o Marco Polo de Italo Calvino descobre que o desejo é ou fruto de um cálculo cheio como um ovo de esturjão (contemplação interesseira da geografia humana da cidade) ou um rasto cumprido no deserto, muitos anos após conhecer o espaço vazio da sua praça: «Nessa manhã em Doroteia sei que não havia nenhum bem na vida a que eu não pudesse aspirar». Que é como quem diz: nessa praça, um condutor de camelos conheceu a manhã da liberdade, antes da escolha e do cumprimento do desejo.
Mas quem isto ler vê apenas um reflexo de um reflexo da cidade de Doroteia - o que vem a ser precisamente qualquer reflexão. Para a possuir (e perder) será necessário dirigir-se a ela, lê-la; ou inventá-la.
Mas quem isto ler vê apenas um reflexo de um reflexo da cidade de Doroteia - o que vem a ser precisamente qualquer reflexão. Para a possuir (e perder) será necessário dirigir-se a ela, lê-la; ou inventá-la.
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