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sexta-feira, 13 de abril de 2007

A janela

olá, como está?

este medo de ser o que eles são:
mortos.

ao menos não andam na rua, eles
têm o cuidado de ficar em casa, esses
seres pálidos que se sentam em frente à televisão,
as suas vidas cheias de risos enlatados, mutilados.

o seu bairro perfeito
de carros estacionados
de pequenos jardins
de pequenas casas
de pequenas portas que abrem e fecham
enquanto os familiares os visitam
durante as férias
as portas que se fecham
atrás dos mortos que morrem devagar
atrás dos mortos que ainda vivem
no teu normal e pacato bairro
de ruas largas
de agonia
de confusão
de horror
de medo
de ignorância.

um cão atrás de uma cerca.

um homem em silêncio numa janela.


Charles Bukowski, versão de Manuel A. Domingos

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