No seguimento do nº 1, Vincent Kenis gravou e produziu este excelente Congotronics 2, dando a conhecer ao mundo a estranha e espectacular música de sete bandas electro-acústicas recolhida nos subúrbios populares de Kinshasa (Congo). Os músicos das bandas envolvidas são, na maioria, recém-chegados à capital, provenientes dos mais variados backgrounds geográficos e culturais. Afim de prosseguirem o seu papel social e fazerem-se escutar pelos seus concidadãos, apesar dos elevados níveis de ruído urbano, recorreram a uma electrificação artesanal dos seus instrumentos, recriando-os. Em grande parte, também graças à profusão de sons distorcidos, gerados por uma amplificação DYI. O que provocou uma mutação radical no som produzido. Talvez por isso, os aficionados da World music, electronica e rock de vanguarda desde logo notaram a riqueza sonora destas bandas e as comparações não tardaram a surgir: desde os Can, Krautrock, até Jimi Hendrix, Lee Perry e ao proto-techno. Mas estas similitudes, é bom que se diga, são puramente fortuitas, uma vez que estas bandas produzem exclusivamente uma espécie de trance-music tradicional, alheia ao que se produz no Ocidente.
Congotronics 2 inclui igualmente um DVD com 41 minutos, contendo surpreendentes registos visuais captados durante a gravação do material sonoro utilizado no álbum. Realço a incrível sessão dos Sobanza Mimanisa, em que, ao som de um ritmo propício ao êxtase, brilha o erotismo da dança de duas mulheres, capaz de fazer esquecer a poluição sonora e visual que nos cerca.
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