O que mais nos caracteriza é aquele ar sonâmbulo, abstracto, aquela ideia fixa em parte alguma, aquele devaneio em pleno Vácuo, ou manso delírio extasiado na sua própria nulidade. Sonhamos um sonho estéril, incapaz de se converter em acção (…) O português olha, mas não vê, ou vê como se ouvisse, porque o absorve uma espécie de música silenciosa, uma tendência artística inutilizada por incapacidade realizante. Mas embala-se, como esquecido, nessa música. (…) O português é um ser indefinido; ignora o limite das coisas; não pode ter um conceito claro da existência, mas uma concepção nebulosa sentimental. E, por isso, principia tudo e nada acaba.
Pascoaes, “Duplo Passeio”, Parte I, I, colecção “Obras Completas de Teixeira de Pascoaes”,
organização de Jacinto do Prado Coelho, volume X, Livraria Bertrand, 1975
organização de Jacinto do Prado Coelho, volume X, Livraria Bertrand, 1975
Gil,
ResponderEliminarNão comeces com farpas, que estragas o teu Blog. Um Poeta vê mais fundo que os outros. Se começa a atirar pedras, as pessoas dizem: "olha, ele afinal é como os outros" e passam a achar que a poesia dele era apenas dissimulação. Não que o poeta não seja filho de boa gente como os outros mas a sua responsabilidade está em ver as coisas de um modo diferente de um filósofo.
André
André:
ResponderEliminarEm grande parte graças ao teu comentário, a "farpa" foi retirada. As pedras têm que ser enviadas para os sítios onde realmente possam fazer mossa. A economia de esforços assim o diz.