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terça-feira, 3 de outubro de 2006

Uma aventura no país do Simplex

Recentemente, chegou-me ao conhecimento mais um caso insólito, demonstrativo de como a Administração Pública lida com os cidadãos. Um amigo meu, desempregado, após consulta das acções de formação disponíveis no IEFP, inscreveu-se num curso intitulado Gestão de Instituições Sociais, destinado a ACTIVOS qualificados, note-se. Passados uns meses, recebeu uma convocatória para se deslocar ao Centro de Emprego da Guarda, referente ao mencionado curso. Pois bem, à hora marcada apresentou-se e, após uma breve apresentação, fez uns testes psicotécnicos. Passados uns dias, foi lá novamente, para uma entrevista que concluía o processo de selecção e entregar uma declaração em falta. Foi-lhe dito que reunia todas as condições para frequentar o curso, que começaria em Outubro. Três dias depois, é informado por telefone que, afinal, já não podia ser admitido, uma vez que, embora dado como desempregado, tinha actividade aberta nas finanças. É claro que o meu amigo ficou estupefacto, pois a sua actividade profissional habitual é residual. Por outro lado, após ter questionado os serviços, foi informado que o curso, embora estivesse previsto na modalidade pós-laboral, tal não fora contemplado para este Centro. Parece mentira, não parece? Gostava então de saber para que é que existe o IEFP? Pelos vistos, em vez de dar conta das condições reais dos utentes que a ele acorrem, faz uso de práticas e de regras absurdas, privando as pessoas que REALMENTE precisam, de se valorizarem para o mercado de trabalho. Que graças a umas habilidades estatísticas, se vai tornando num mero agente de propaganda dos Governos, manipulando os números para parecerem mais pequeninos e cada vez mais próximos da ficção.


Publicado no jornal "O Interior"

1 comentário:

  1. É o chamado jus imperii da Administração: quanto menos as pessoas incomodarem, mais tempo sobrará para fazer aquilo que sabe fazer melhor. O mesmo é dizer, servir-se a si própria.

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