e o grito da estátua desdobrando as esquinas.
correr até à estátua e encontrar só o grito,
querer apanhar o eco e sentir apenas um muro,
correr até ao muro e ver-me dentro de um espelho.
descobrir no espelho a estátua assassinada
retirá-la do véu de sangue
da sombra desenhada no mármore
vesti-la depressa
acariciá-la como uma irmã imprevista
brincar com a curvatura dos seus dedos
sussurrar aos seus ouvidos cem vezes, cem, cem vezes
até ouvi-la dizer: "toca-me toca-me suaves olhos
ensina-me o que esqueci ao nascer".
in "Labirintos"
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