Chegou-me este artigo publicado num jornal online norteamericano. A propósito da inclusão de Portugal no top four do futebol mundial e que, pelos vistos, incomoda muita gente. Fiquei obviamente chocado. Não por razões patrióticas. Mas porque gosto de ser português, o que acredito ser incompatível com a condescendencia e a ignorância boçal manifestada nesta inqualificável redacção. Aqui, ao contrário de Oscar Wilde, não penso que falar mal de nós seja lamentável e não falar de todo seja trágico. Este "argumentário" claramente xenófobo do articulista não é gratuito. Uma opinião vale o que vale, é certo. Mas este desprezo cavernícola traduz de facto uma ignorância mais próxima do cidadão médio americano e cuja dimensão estava longe de imaginar. Corresponde a uma tendência cultural e sociológica caracterizada pela soberba.
O bom senso dos "founding fathers" da nação americana sempre me fascinou. Um bom senso de pequenos proprietários, num momento histórico em que a tecnologia ainda não tinha separado irremediavelmente o homem da compreensão e do domínio de facto dos objectos com que lida no seu dia a dia. Um bom senso que erigiu um sistema de poderes que se fiscalizam mutuamente e que da política retirou o fundamental: os factos resultam da acção e não de intenções. Sobre eles rege a lei e nada mais. Esse sistema tem impedido que o mundo se tenha tornado um local perigoso e fanatizado. Que esta identificação fique clara.
Mas existe o reverso da medalha. O imperialismo americano não é só retórica. Há uma ignorância irresponsável, uma insuportável arrogância que lhe subjazem. Que alimentam um discurso onde a verdadeira diversidade se reduz ao tipicismo uniformizador e hollywoodesco. Que demoniza quaisquer argumentos que questionem a sua superioridade (veja-se o ostracismo a que Noam Chomsky foi relegado após o 11 de Setembro). E que, finalmente, numa verborreia chauvinista, procura ridicularizar as nações de menor dimensão.
Sobre o assunto, leia-se o apropriado texto de Pedro Martins, em "Sesimbra e Ventos". Aqui
O bom senso dos "founding fathers" da nação americana sempre me fascinou. Um bom senso de pequenos proprietários, num momento histórico em que a tecnologia ainda não tinha separado irremediavelmente o homem da compreensão e do domínio de facto dos objectos com que lida no seu dia a dia. Um bom senso que erigiu um sistema de poderes que se fiscalizam mutuamente e que da política retirou o fundamental: os factos resultam da acção e não de intenções. Sobre eles rege a lei e nada mais. Esse sistema tem impedido que o mundo se tenha tornado um local perigoso e fanatizado. Que esta identificação fique clara.
Mas existe o reverso da medalha. O imperialismo americano não é só retórica. Há uma ignorância irresponsável, uma insuportável arrogância que lhe subjazem. Que alimentam um discurso onde a verdadeira diversidade se reduz ao tipicismo uniformizador e hollywoodesco. Que demoniza quaisquer argumentos que questionem a sua superioridade (veja-se o ostracismo a que Noam Chomsky foi relegado após o 11 de Setembro). E que, finalmente, numa verborreia chauvinista, procura ridicularizar as nações de menor dimensão.
Sobre o assunto, leia-se o apropriado texto de Pedro Martins, em "Sesimbra e Ventos". Aqui
O gajo passou-se com certeza! deve ser do fast food...
ResponderEliminarSobre o assunto, transcrevo um comentário anónimo retirado de "Mau tempo no canil". Assino por baixo, é claro.
ResponderEliminar" Ao mesmo tempo que os jornais ingleses (e depois os franceses) faziam campanhas contra os comedores de sardinhas, os sub humanos, a imprensa portuguesa, ESPECIALISTA em obedecer à voz do dono, fazia esfuziantes reportagens ignorando a campanha que se estava a passar ao mesmo tempo.
Ou seja, o acessório. É o acessório apresentado como uma espécie de especificidade portuguesa ( sermos vistos pelo lado do ridículo e do provinciano) que muito nos deveria orgulhar, e à qual deveremos dar uma enorme atenção e ficar felizes por isso.
Folclore idiota, para encher o ego e estimular a enorme vaidade e mania do portugueses, mas que, ao mesmo tempo nos distrai do que está de facto em causa (e estava de facto em causa) e, adicionalmente, fazer com que os carneiros bem comportados que no fundo, é isso que o povo português é continuem muito satisfeitos pela “grande vitória” que é, supostamente, o que se passou ontem.
Ontem sofremos uma derrota como nunca sofremos. O sangue jorrou ontem e foi em golfadas.
Mas não foi uma derrota futebolística.
Foi uma derrota da nossa capacidade de pensar e de agir.
Foi-nos demonstrado que somos irrelevantes e prescindíveis no mundo. Que não contamos para nada. Que devemos aceitar ser irrelevantes e gostar.
Que não passamos de nada mais do que judeus modernos na Europa. Foi ultra péssimo o que se passou ontem.
E aqui em Portugal ajudamos à festa replicando o discurso salazarista do “pequenos, mas honrados”. (legenda da imagem: "foi por pouco". Quase lá. Da próxima é que é. Só mais um bocadinho. Conformismo, conformismo, conformismo, conformismo, conformismo...)
Foi provado indirectamente através do futebol, ou directamente, como queiram, que, no futuro, a chantagem, a intimidação feita sobre um pequeno país por vias indirectas, como a imprensa e a Internet funciona – irá funcionar.
Como modo de condicionamento dos jogadores desse mesmo país. Das pessoas desse mesmo país.
E foi provado que é assim porque funcionou – Portugal perdeu de uma maneira psicológica ridícula.
Embora agora, os arautos do conformismo, que estão nas actuais estruturas de poder desta terra idiota e cheia de vendidos já estejam a fazer a barragem de informação e de lavagem ao cérebro indicando-nos que “fizemos um excelente campeonato”.
Não é isso que está ali em causa.
O que está em causa é que jornais de referencia e sem ser de referência na Europa criaram uma campanha falsa de difamação nojenta e asquerosa contra um pequeno país que estava a jogar razoavelmente num campeonato do mundo de futebol, para, dessa forma criar a ideia de que era ilegítimo, imoral, contra a moral de deus e do jogo que esse país pudesse chegar a uma final e tivesse condições de ganhar.
Para mim; isto deu uma nova dimensão ao jogo desde que vejo futebol.
Agora está perceber-se – ficou a perceber-se – percebi; que isto não é só jogado dentro das 4 linhas e com os métodos de treino. Não, existe uma nova dimensão, que passa por existirem pré eleitos, simbolizados como isso, numa espécie de “lista não escrita”, pré eleitos esses que deverão ser os únicos autorizados a seguir.
Os critérios, percebi ontem, já não são só exclusivamente económicos para a existência dessa prévia lista. São também critérios políticos. De sociedade.
( Legenda da imagem: o salazarismo saudosista no seu melhor. Portugal não vos esquecerá. Mas porque não? Porque na prática ao dizer-se isto é estar-se a admitir que nunca mais uma qualquer selecção portuguesa fará o mesmo que esta. Mas que espírito positivo este. Depois é o saudosismo bacoco e cretino a apelar a lagrimazinha no canto do olho, conjugado com fotografias de jogadores de mãos na cabeça. Santa tristeza para este jornalismo que apenas inferioriza os portugueses e lhe conta choradinhos medíocres e ridículos...
Uma pequena nação, seja ela qual for é obsoleta no grande esquema das coisas, ou seja, da globalização.
Querendo-se impor uma estandardização do mundo inserida numa específica mentalidade e organização social, não se pode favorecer que pequenos povos ou regiões se afirmem perante o mundo de outra forma visível e aceite pelo mundo. Mesmo que essa outra forma seja a sua competência “técnica” ou talento ou habilidade numa determinada área.
Ontem sofremos uma derrota gigantesca. Semelhante a 1580. Não parece, mas é.
Fomos comidos como anjinhos e o pior é que gostámos disso.
Termino dizendo: Viva Salazar. A tua herança perdura na sociedade portuguesa. Mesmo os que se dizem democratas adoptam a tua técnica de vitórias morais.
Nada (verdadeiramente) mudou desde há 32/40 anos."