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domingo, 16 de julho de 2006

Ganda Fezada!

Em Portugal há um fenómeno sem paralelo, na importância e no relevo mediático: as juventudes partidárias. Autênticos programas de ocupação de tempos livres para ilustres debutantes, que um dia, se tudo correr de feição, se tornarão peças de estimação da tralha partidária. É irresistível: os dirigentes séniores não descansam enquanto a sua aura mediocritas não for ultrapassada, num mecanismo compensatório. Para isso, lá estão as jovens inutilidades à espreita de um lugar ao sol. É um padrão estatístico, por muito que custe aos analistas de serviço. Mas nada, mesmo nada, poderá suplantar a solene nulidade de um António José Seguro ou de um Manuel Monteiro, ou de um Pedro Duarte, ou da melancia Heloísa Apolónio, miniaturas de típicos caciques partidários e conhecidos ex-dirigentes jotas. Autênticos case studies à espera dos politólogos.
Esta introdução serve para um apontamento acerca do Congresso da JS, que decorre este fim de semana aqui na Guarda. Terra tradicionalmente pêésseira, onde pontificam os boys mansos, devidamente pastoreados por uma nomenclatura de patuscos "sempre em pé". Ora, segundo informações que me chegaram através do "Corta fitas", os meninos portaram-se à altura. De registar algumas pérolas do pensamento político contemporâneo, encontradas numa das moções votadas. Espero que o Gato Fedorento dê conta deste filão. Estão preparados? Ora aqui está:

"Dificilmente um grupo de 25 jovens brancos, todos homens, produzirá ideias realmente inovadoras."
"Vamos abandonar as frases feitas e os jargões (a começar pela palavra jargão!).
"Vamos juntar JS e uau na mesma frase!"
"Pensamos que já ninguém questiona que o mundo está a mudar e depressa. E já há algum tempo, perguntem ao Camões!"
"Podemos falar de cegonhas ou do lince ibérico, ainda é assim é política!"
"Aos jovens cabe escolher entre a JS e o ginásio. JS ou Morangos com Açúcar?"
"A Europa é um conteúdo, não um continente."
"Precisamos de aumentar a natalidade."
"Temos que nos livrar da dependência do petróleo."
"Devemos racionalizar, diversificar. A aposta num só cavalo não parece uma estratégia acertada."
"A opção pelo nuclear não deve ser negligenciada."
"O potencial da energia solar é igualmente imenso."
"Ninguém é dono das nuvens."
"Cérebros tristes não produzem."
"Acabou o sexobofismo e o secretismo. Tabus já eram."
"Todos somos sexuais."

Baril, não é? Mas por favor deixem o Camões fora disto, está bem? E já agora, quando for para natalizar, não usem a camisinha, vale?

Publicado no jornal "O Interior"

4 comentários:

  1. O melhor mesmo seria extinguir as juventudes partidárias...

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  2. Será que não dava para pôr essa maltosa a limpar estradas, por exemplo?

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  3. mas algum deles um dia vai ser secretário de estado ou ministro e tu não! nanananana na!

    de resto, concordo

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